Samba do Crioulo Doido

Do jeito que as coisas estão no Brasil, cheio de “não me toques”, certamente pensaríamos dez vezes antes dedar o título a este editorial. Como se trata do nome de samba famoso, de 1968, autoria de Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo do genial jornalista Sérgio Porto), possivelmente ninguém vai se sentir ofendido aqui pela expressão “crioulo doido”.

05/04/24 - 13:00

Foto: Elma/Girolando/divulgação
Foto: Elma/Girolando/divulgação

A letra da música era uma ironia do autor ao contexto do país daquela época com o proselitismo político e manipulação da história. Nos lembramos dela ao ler, ver e ouvir em todos os meios de comunicação possíveis a principal manchete da semana: “PT e PL tentam cassar Sérgio Moro”. O quê? Quer dizer que agora temos o “bolsopetismo”?

Nos lembramos também do saudoso deputado federal Renato Azeredo (MDB), que em determinado momento de crise partidária e indefinição de candidaturas a prefeito de Sete Lagoas nos anos 1970,soltou essa: "As coisas estão mudadas: vaca não está reconhecendo bezerro; bezerro não está reconhecendo vaca!".

Na sequência, outra manchete: “Após se unirem, PT e PL preparam briga por cadeira de Moro”. E a notícia: “Depois de se juntarem para buscar a cassação do senador Sérgio Moro (União-PR), o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, agora se preparam para uma eventual briga pela cadeira do senador. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) começa a julgar nesta segunda-feira, 1º, as ações patrocinadas pelos dois partidos contra a chapa do ex-juiz da Operação Lava Jato”.

É a velha briga pelo poder e a defesa dos interesses inconfessáveis, em que até inimigos se unem para se dar bem. No caso, perseguição ao juiz que ousou enfrentar corruptos e corruptores do país. E como não há virgem em puteiro, incomodou políticos de todos os lados e empresários que fazem qualquer negócio para encher o bolso de dinheiro.

A polarização da política brasileira é altamente interessante para esse tipo de ser humano. E pelo andar da carruagem, pelos novos tempos e práticas que o país e o mundo estão passando, a tendência é que as eleições municipais deste ano sejam contaminadas por este estilo de se fazer política.

O mês de abril é importante no calendário eleitoral para a definição de filiações partidárias, e as primeiras movimentações que estamos assistindo em Sete Lagoas e região mostram isso.

Foto: Elma/Girolando/divulgação

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