A NOSSA HISTÓRIA: Nasce Sete Lagoas

02/07/22 - 08:00

“O apelo alucinante do ouro, que brotava dos leitos dos rios ou sopitava no seio das montanhas, provocou a imediata invasão do interior da Capitania. As florestas foram batidas, as montanhas revolvidas e os rios desviados de seus leitos naturais. De todos os pontos da Colônia, desciam, das serranias que separavam o vasto território mineiro, homens levando famílias inteiras, escravos e os instrumentos de mineração, atravessando vastas florestas virgens, vadeando caudalosos rios. (...) Os frades fugiam de seus conventos; os proprietários abandonavam suas plantações no literal e procuravam, como loucos e através de mil perigos, as terras do centro do Brasil, impulsionados somente pela visão furtiva das riquezas fantásticas...” (SETE LAGOAS, SÉCULO XVIII, O Registro e as Estradas Reais: Centralidade e Convergência na Capitania de Minas, pág. 32. Sete Lagoas, Edições Instante, 2019. 236 páginas).  No texto acima, o saudoso historiador MÁRCIO VICENTE SILVEIRA SANTOS, citando artigo de EDUARDO MACHADO DE CASTRO, mostra como se deu a conquista do território mineiro. De início sem importância, isso mudou com a descoberta do ouro, pois dali em diante a região passou a ter uma atenção especial da Coroa Portuguesa, pelos ganhos que poderia proporcionar, o que realmente ocorreu. Prova disso é que Minas foi transformada em Capitania independente, separando-se de São Paulo, para ser devidamente controlada pela metrópole (1720). Esse fato é um marco na história de nosso Estado. Na cronologia de MÁRCIO VICENTE, a descoberta de ouro se deu na seguinte ordem: Sabará (1693), Mariana (1698), Ouro Preto (1698), Serro Frio (1702), Pitangui (1710), Minas Novas (1727) e Paracatu (1744). Em Tijuco (Diamantina), a descoberta foi de diamante (1724). Prosseguindo, o autor conta que o bandeirante Fernão Dias Pais (1608/1681) “partiu de São Paulo a 21 de julho de 1674 em companhia de 40 sertanistas, entre eles experientes capitães, como seus filhos Garcia Rodrigues Pais e José Dias Pais; o genro Manuel de Borba Gato e Matias Cardoso, além de um número incerto (provavelmente 600) de índios “administrados”. Planejara ficar no sertão por longo tempo” (pág. 34).  A Bandeira percorreu o Vale do Rio Paraíba, nas Vilas que se transformaram nos municípios de Taubaté e Guaratinguetá; adentrou no Sul de Minas, pelas atuais Cidades de Cruzeiro e Passa Quatro, após transpor a “temível” Serra da Mantiqueira; venceu os afluentes do Rio Grande, aproximou-se do Rio da Morte e fundou a Vila de Ibituruna, hoje Serra Negra; seguiu a direção Norte, guiada pelos picos da gigantesca Serra do Espinhaço, chegou nas cabeceiras do Rio das Velhas, e estacionou no sítio batizado pelo bandeirante de Sumidouro, hoje Distrito de Fidalgo, integrado ao território de Pedro Leopoldo. Ali, a tropa permaneceu, fazendo do local a sua base de apoio (1674-1680). Borba Gato, nesta mesma época – segundo os historiadores – fundou a feitoria de Roça Grande, em Sabará, onde, anos depois, iria revelar as suas minas de ouro. Fato marcante de nossa história ocorreu quando José Dias Pais – filho de Fernão Dias Pais – liderou uma rebelião, “que planejava a morte do pai e o imediato regresso da Bandeira a São Paulo”. 
“Descoberto em sua tentativa, é enforcado, e seus seguidores expulsos” (pág. 39). Foi assim que, de acordo com Diogo de Vasconcelos (História Antiga das Minas Gerais) e Joaquim Drummond (O Passado Compassado de Sete Lagoas), citados por MÁRCIO VICENTE, os companheiros expulsos do arraial se dispersaram “pelos arredores, uns para Sete Lagoas, outros para cima, ou abaixo do Rio das Velhas, convivendo com os índios mansuetos da região, e gozando da estima deles (...). Desnorteados, os sediciosos deixaram o acampamento e saíram à deriva, vindo a acampar às margens do Ribeirão Matadouro, na planície de Sete Lagoas. A várzea de João Corrêa viu surgir então as primeiras casas que marcariam o nascimento de uma grande cidade. Em abono dessa assertiva, o apego ao Bairro da Várzea pelas famílias Corrêa e Pereira da Cunha que, segundo a tradição, descendem dos nossos primeiros povoadores” (pág. 42). É o início de nossa história! 

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