Nossa História

A NOSSA HISTÓRIA: O Meu Amor

07/01/23 - 11:00

Por Amauri da Matta

Neste primeiro artigo do ano, eu quero falar de amor. Do amor que eu sinto por minha família. Do amor que eu sinto por Sete Lagoas, que me acolheu tão bem! Do amor que temos por nossos entes queridos, que estão conosco ou já partiram. Do amor perdido ao longo do ano passado, nas discussões fúteis, e que precisa ser resgatado. Do amor que temos em nossos corações! Para perdoar! Não há momento mais propício para se falar de amor. Ao fim de um ano e ao raiar de um novo dia, somos tomados pelo sentimento de amor ... De recomeço e correção de rumos. De esperança!

Do amor dedilhado e cantado nas serenatas, que o gênio de JOVELINO LANZA soube eternizar com o seu jeito simples e poético de escrever: “O que passou, não passou: ficou. É o nosso modo de entender. Temos insistido nisso em todas as nossas crônicas e havemos de insistir, até que todos fiquem concordes conosco. Ora! ... Como esquecer a nossa terra quando a minha Sete Lagoas era mal iluminada e, por isso mesmo, o luar tinha mais graça e mais encanto? Era um luar inspirador. Lua cheia! Só ela bastava para nos deter na rua. Ia subindo ... subindo ... até clarear a minha Sete Lagoas inteira. Nunca mais houve iluminação assim tão bela e emocionante. Isso é indescritível. Não tentarei descrever o impossível. Já está ela, agora, no céu, como as estrelas (Via-Láctea, Cruzeiro do Sul, Cova de Adão, Galinha com Pintos e outras, como as conhecíamos, além das estrelas por nós denominadas Três Marias). E por falar nessas estrelas, naquele tempo cantávamos: “Lá no céu tem três estrelas, todas três encarrilhadas: uma é minha, outra é sua e outra de minha namorada”. Mas como íamos dizendo, a Lua no meio do céu envolvia com a sua pálida e convidativa claridade a minha Sete Lagoas inteira, propiciando o amor. A essa altura, reuniam-se os primeiros seresteiros e afinavam o violão e solfejavam. Já estávamos reunidos o José Cabral Filho, o Waldomiro Campos, o José Augusto do Nascimento e eu. Não tínhamos violão elétrico, mas muita alma para dedilhar as cordas do violão comum e amigo. Em conjunto, descíamos para a casa do Marechal Deodoro da Fonseca, ali na Rua São José, onde ficávamos algum tempo, tomando o café servido por D. Prudência, sua esposa, senhora muita amável e simpática. Lá pela uma hora da madrugada, íamos até o morro de São José. Dali a claridade da lua nos permitia admirar um estupendo espetáculo: toda a baixada até as Melancias, margeando o Córrego do Matadouro, majestoso, tranquilo. Havia luzes de vagalumes e a música dos grilos. Diziam os antigos que as águas do Córrego do Matadouro, à meia-noite em ponto, dormem e somente acordam e reiniciam seu curso quando os galos cantam a primeira vez. Depois de apreciarmos esse panorama e de ensaiarmos algumas modinhas, quase às duas da madrugada, cumpria-se a parte mais importante do programa.” (MINHA SETE LAGOAS, pág. 77. Belo Horizonte: Editora Armazém de Ideias, 1999). Era o momento em que os três seresteiros, dirigindo-se às casas de suas amadas, cantariam o amor, através de uma “modinha”, do tango “La Cumparsita” e de “Marta”, de Catulo da Paixão Cearense. E Jovelino Lanza – explica – só acompanhava os amigos, pois ainda não namorava “Mariinha”, com quem viria a se casar. Daí porque não fez serenata para ela naquela madrugada.

Foi assim que a minha esposa acordou, às seis horas da manhã, para festejar mais um ano de vida (28-12), ouvindo cantigas de amor, ao som de um violino e de um violão: “Eu sei que vou te amar”, “Como é grande o meu amor por você” e “O meu amor”, essa última feita em sua homenagem. É com essa declaração que eu encerro este artigo, lembrando do nosso amor e de quando tudo começou, numa bela tarde, na Serra de Santa Helena: “Deita no meu peito, descansa do seu jeito, daquela que foi uma noite de amor. Encosta o seu rosto e todo esse corpo, para minhas mãos poderem te acariciar. Agradece a vida, a nossa felicidade ... Surgiu naquele instante em que me vi no seu olhar. Lembro aquele dia, nós dois apaixonados, um beijo aconteceu, no pôr-do-sol iluminado. Pertinho do céu, dos anjos do senhor, eles abençoaram o alvorecer do nosso amor ... Então, declarei-me, na capela junto ao altar: eu te quero tanto e sempre vou te amar! (O MEU AMOR, Amauri da Matta, Dezembro de 2016). Que cantemos sempre o amor!

Amauri da Matta

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