Moradores de rua

28/03/24 - 13:00

Vamos a mais um tema que precisa estar na pauta da discussão política de todos os candidatos a vereador e prefeito de Sete Lagoas nas eleições de seis de outubro deste ano: é muito grave a situação dos moradores em situação de rua na cidade.

As fotos que ilustram este editorial foram feitas segunda-feira, 25, e mostram a ocupação de importante estabelecimento comercial, às 11 horas da manhã. Imóvel recém reformado para maior conforto dos clientes, porém, usado indevidamente, também como abrigo de moradores de rua.   

Até há algum tempo, não eram tantos, e ficavam concentrados na região da rodoviária. Nos últimos anos a quantidade aumentou de forma assustadora e eles passaram a ocupar grande parte da região central, com destaque para a Rua Lassance Cunha (perto da Av. Antônio Olinto); nas imediações do Ginásio Poliesportivo Marcio Paulino, em toda a Praça Dom Carmelo Mota (da Feira).

O problema não é só da prefeitura, mas cabe a ela convocar e envolver outros órgãos públicos, como a Câmara Municipal, Ministério Público, polícias, entidades privadas, como ACI, CDL, Sindivarejo e outras, ligadas à área social.

Todos sabemos que não é fácil, mas alguma coisa precisa ser feita, com urgência, pois corremos o sério risco de a situação ficar fora de controle, nos moldes das tristes “cracolândias” das grandes cidades do país.

O comércio e moradores de algumas regiões de Sete Lagoas pedem socorro e não sabem mais a quem recorrer.

Fundamental nunca nos esquecermos que estamos falando de seres humanos e que não há mais espaços para políticas de “higienização”. Recorrendo à história, a deputada federal constituinte pelo Rio de Janeiro, Sandra Cavalcanti (1925/2022), nunca conseguiu se livrar da acusação de ser a mentora da “Operação mata-mendigos”, que consistia em recolher e mandar jogar no Rio da Guarda, dezenas de mendigos e moradores de rua, nos anos de 1962/63. Existiam no então Estado da Guanabara, órgãos como o Serviço de Repressão à Mendicância, subordinado à Delegacia de Vigilância e Capturas do Departamento Estadual de Segurança Pública e Secretaria de Serviços Sociais, da qual ela era titular.

Investigações policiais e CPI na Assembleia Legislativa comprovaram que fiscais da prefeitura e do estado, junto com policiais, realmente jogaram 20 pessoas nos rios da Guarda, Guandu e São Francisco. Dessas, nove morreram.

Nunca ficou provada a ordem ou participação da deputada ou do governador Carlos Lacerda nos crimes, mas o açodamento da política deixou essa marca no imaginário popular.

Veja Mais