Coluna Católica | Missão: Fratelli Tutti

18/10/20 - 15:51

Um mito contemporâneo? Provoca o Padre Evandro. Convida-me a dialogar com a Fratelli Tutti.

Creio ser um Conto de Fada, não só para sonhar, mas gestar um mundo de corações abertos na fraternidade universal. Um delírio de um ancião, sonhar com a “única humanidade”, feita da mesma carne humana, inquilinos da mesma mãe terra, com convicções diferentes e voz própria, mas todos irmãos”. 

Inimaginável numa sociedade esclerosada, que perdeu a capacidade encantar-se na alegria e beleza do amor fraternal.  No mundo do descarte e do ignorar os outros, a Fratelli Tutti é um sonho à descoberta do sabor fraternal.  

O sabor fraternal é um cheiro a esperançar na ousadia de ser livre para amar e servir.   

 

Na certeza que a vida é missão, no eis-me aqui, envia-me ao Conto de Fada da Fratelli Tutti, ao encontro irmãos para abraçar e amá-los.  

Francisco de Assis ao encontrar o leproso e abraçando-o, se converte. Ao caminhar até o Egito, no encontro com o Sultão MaliK, sem perder a sua identidade, na submissão humilde e fraterna, vai desejoso do abraço na Fratelli Tutti. 

Muitos viveram e vivem entre nós, não centrados em seu próprio umbigo e ao seu pequeno mundo, pois, ama além-fronteiras e carrega cada pequeno irmão como preciosidade em vasos de barro. Ao som do irmão não tem tamanho, não idade, não tem nacionalidade. 

A beleza da Igreja missionária está na reciprocidade do ir e do vir; a alegria do evangelho se dá no encontro com outro, que se embeleza na hospitalidade da casa comum, na graciosidade da água solvida na mesma caneca e do pão que se multiplica na partilha. 

 

Experimentar a Fratelli Tutti é descer em Belo Horizonte, num dia de finados, debaixo de chuva e perceber muitos meninos e meninas de rua. Dai, se pergunta: Por que tantos meninos de rua? A única maneira de saber é morando com eles, encontrando-os, abraçando-os para amá-los. Neles e com eles sentir o beijo de Deus. Experimentou o Tio Mauricio. 

Se para amá-los é ir aos confins do mundo, as irmãzinhas de Jesus de Charles de Foucauld, saíram da França ao Mato Grosso, abdicaram de todo trabalho de catequese e obras. Viveram entre os índios Tapirapés na esperança de devolver-lhes a alegria pela vida na Fratelli Tutti.

Nada fazemos por assédio espiritual, não somos caçadores de borboletas, mas zeladores das flores que atrai as borboletas. 

Fratelli Tutti é um modo de vida e um jeito de caminhar.

 

Warlem Dias

diaswarlem@gmail.com.br