UM EVANGELHO A NOS DESAFIAR

17/03/24 - 09:00

Por Padre Warlem Dias

“No templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam ai sentados. Fez então um chicote de cordas e expulsou a todos do templo, junto com as ovelhas e bois; espalhou as moedas e derrubou a mesa dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas. Tirem isso daqui! Não façais da casa de Pai uma casa de comércio”, (Jo 2, 12-16).

Dá um frio no coração ao ouvir, mas passa. São coisas “para aquele tempo”. Nós ficamos admirados com a coragem de Jesus, mas não temos a força d`Ele. Tudo é liquido! Somos o surdo que falava com dificuldades Mc (7, 32). Precisamos ser retirado do meio da multidão (Mc 7, 33), para escutar com precisão esta provocação de Jesus. A beleza dos templos, preces e incensos roubam a nossa atenção. Ainda perguntamos: “vieste nos destruir Jesus de Nazaré?” (Mc 1,24). Continuamos, ainda hoje, imolando as vítimas do sistema no altar do Senhor.

Na verdade, o evangelho não coaduna com o dinheiro, poder e prestigio. A Igreja se tornou escrava do dinheiro, poder e prestigio. Uma vez, que ela fez a experiência do poder jamais abdicou-se do poder. Esta foi a grande crise da Igreja e que não conseguiu sair até hoje.
Fez do altar um balcão de negócios. Negocia-se quase tudo: das indulgencias às jaculatórias, tudo tem preço neste balcão e aos olhos do mercado. As quinquilharias religiosas não ficam velhas. Dobra-se aos santos, tudo tem mediador, cresce as devoções, todo dia tem novena. A resposta o povo: Amém.
“Destruí, este templo, e em três dias o levantarei” (Jo 2,19). Que loucura! O corpo de Jesus é o meu corpo, o seu é o nosso corpo. A morada de Deus está no nosso meio. O templo é a minha casa, a sua e a nossa casa. Nós somos moradas de Deus.
Alarguemos as tendas da fraternidade; alarguemos as mesas; alaguemos as coração para que sempre caiba o outro, meu irmão e irmã.
É urgente que a Igreja abdique de todo o poder e volte a Jesus. Ele está aprisionado em nossa Igrejas e bate dentro para fora: pede para sair. Voltar ao Jesus que nos envergonha, nú.