Crônicas

Minhas companheiras

12/07/21 - 08:32

Por Élida Gontijo

ÉLIDA GONTIJO

A pandemia tem me ensinado muitas coisas, já citei em meus textos alguns aprendizados que adquiri durante este um ano e pouco. Aprendi como cuidar melhor das minhas plantas, montei meu Jardim Poético etc. Recebi também duas companheiras para fazer parte da minha família, Lira e Serena. São duas cadelas, totalmente diferentes uma da outra, a começar pelo tamanho, são das minhas filhas. Lira chegou primeiro, um pouco antes da pandemia começar, foi um presente dado a minha filha mais velha por um primo muito especial, Serena foi abandonada e adotada por minha filha mais nova.

Minha casa mudou totalmente, não é mais arrumadinha como antes, não tem como, com dois anjos de quatro patas desfilando por um apartamento. Letícia custou a me convencer a aceitar Serena, falou que foi abandonada,todo um drama que lógico mexeu com meu coração franciscano. Tive a ilusão que ela não iria crescer muito e hoje está imensa, já destruiu muitos vasos que eu estava com todo amor por eles, coisa de filhote. Já chorei de raiva dela, bati , tive vontade de dispensar sua companhia, mas como resistir ao seu lado doce, carente, inocente, que pede carinho , chora querendo afago? 

Lira uma pequetita vira-lata com traços de fox –paulistinha, é uma cadelinha toda clássica como o nome, cheira a ração antes de comer, toda delicadinha, sofre horrores com o jeito estabanado de sua companheira Serena. Vivem brincando e brigando é uma confusão de sentimentos.

Avisei minhas filhas que não seria avó de cachorros, mordi a língua , são netas caninas, não acho que devem ser tratadas como gente, mas como animais que me fazem companhia o dia todo, todos saem para trabalhar e ficamos as três em casa. Muitos dias chorei de saudade dos amigos, do trabalho, das pessoas que foram levadas pela pandemia, com elas me olhando sem entender nada, muitas vezes Serena ficava com olhar fixo no meu rosto banhado em lágrimas , acho que se pudesse falar pediria para não chorar, que tudo iria passar.

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Dei aula neste tempo todo com elas no chão perto dos meus pés ou uma no colo, logicamente Lira, Serena já não consigo colocar no colo, está imensa. Agora entendo o motivo de alguns hospitais deixarem entrar animais, são muito puros, criações de Deus, para nos levar a refletir: como seres racionais estamos tão atrasados no quesito amor.

Não é fácil administrar toda a logística com as duas em casa ou melhor apartamento, penso que voltando para o trabalho , vai dificultar, ficarão sozinhas na parte da manhã, mas a tarde estaremos juntas novamente. Peço desculpas a quem não gosta de cachorros e vier a minha casa quando tudo passar, mas não posso abandonar minhas fiéis escudeiras, quanta conversa tive com elas por não ter com quem conversar, sou grata por tê-las. As bagunças vou administrando e adaptando a rotina , mas sou muito amada , vigiada por elas. E Viva Lira e Serena !

Élida Gontijo- Julho de 2021.

Élida Gontijo

Élida Gontijo