Érika Nogueira: Ausências

Ultimamente tenho pensado muito na palavra ausência em várias situações.

Quando uma pessoa desencarna, por exemplo, sua ausência é permanente. É uma condição que aprendemos a aceitar e não podemos mudar. De fato é uma ausência.

Mas ausentes também são aqueles que se dizem presentes mas têm a cabeça em outro lugar. Atualmente, com o uso excessivo do celular, as pessoas ficam conectadas o tempo inteiro aos aparelhos e não percebem o que acontece à sua volta. É cada vez mais comum conversar com alguém e a pessoa pedir para repetirmos o que falamos porque estava ao celular e não prestou atenção no que dissemos. Se eu pudesse dar um nome para esses indivíduos, eu os chamaria de “falsos presentes” porque estão próximos dos outros apenas superficialmente.

No entanto, existe uma certa ausência que incomoda muito as pessoas e a mim, principalmente.

Não deveríamos, mas nos sentimos perturbados quando alguém se afasta da gente aparentemente sem razão. Na verdade, eles devem ter lá seus motivos que dificilmente iremos saber pois eles são incapazes de falar. Desaparecem sem nada dizer.

Talvez futuramente possamos descobrir se em algum momento fizemos algo de ruim ou se estavam sempre por perto somente por interesse.

Melhor deixar ir do que ficar ao nosso lado por obrigação. Restarão ligações não atendidas, mensagens sem respostas, músicas, fotos...Tem gente que esquece essas coisas rapidinho. Outros levam um certo tempo para esquecer e ainda tem aquelas pessoas que jamais esquecerão.

Quem se torna ausente, deixa uma lacuna no coração. E quando esse vazio é preenchido, não há mais volta.

Não posso negar que eu quis, um dia, saber o motivo da ausência de algumas pessoas. Agora já não me importo mais. Depois de superar a dor, a angústia, a tristeza e a decepção, hoje sigo meu caminho feliz e em paz.