EXCLUSIVO - Complexo Cultural Rivello pode sair do papel

Projeto será viabilizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e deve ter capacidade para 1.550 pessoas

26/03/21 - 09:14

Perspectiva da nova fachada: imóvel terá mais quatro andares
Perspectiva da nova fachada: imóvel terá mais quatro andares

Celso Martinelli

Inaugurado em 1958 e fechado desde 2005, o Cine Rivello completa 63 anos em 2021. O imóvel, hoje tomado pela poeira e pelo desgaste do tempo, pode ter em breve um presente à sua altura. O grupo Cinemas Ferrari conseguiu aprovar junto ao município projeto de adequação do espaço, que passará a ser um centro cultural de economia criativa, ou apenas Complexo Cultural Rivello, com capacidade para 1.550 pessoas e possibilidade diversas de utilização dos espaços que serão criados.

Com o projeto em mãos e o decreto de tombamento do imóvel oficializado em 2018, o filho de uma das herdeiras (Simone Ferrari) e idealizador da reforma, Gabriel Ferrari de Oliveira, busca no Ministério da Cultura aprovação da proposta através da Lei Federal Rouanet de incentivo à cultura para iniciar as obras. “É de conhecimento geral da população de Sete Lagoas que o Cine Rivello está em estado precário há bastante tempo. Enfim, temos boas notícias. No ritmo da nova marca da cidade, Viva Sete Lagoas, a empresa proprietária, Cinemas Ferrari, conseguiu aprovar junto ao município, um projeto para adequação do espaço para um Centro Cultural de Economia Criativa”, conta.
 

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Quatro andares serão edificados e palco externo será construío voltado para o CAT
Com ampliação em quatro andares, criação de palco externo voltado para o CAT, serão destinados 750 lugares no grande teatro/cinema, e outros 800 – com 200 pessoas por andar – para as atividades de diferentes vertentes culturais. “Depois de tantas idas e vindas atendendo as burocracias do órgão municipal, regularização da documentação de posse do imóvel e atualização da empresa Cinemas Ferrari, entre outras demandas, conseguimos o alvará de construção! Agora falta captar recursos para viabilizar a obra”, comemora Gabriel Ferrari.

O PROJETO
O arquiteto que está à frente do projeto é o sete-lagoano Wanderson Ferreira, há 10 anos em Curitiba e responsável por importantes obras de restauro Brasil afora. “O Complexo Cultural Rivello suprirá a demanda da cidade por uma casa de espetáculos digna que abrigará a produção artística local, recebendo apresentações de teatro, música, dança, cinema dentre outras, dando oportunidade de acesso à população sete-lagoana em grandes produções culturais. O Complexo de Economia Criativa prevê a implantação de um cineteatro, a criação de um espaço de coworking cultural, sala de exposições, além de abrigar um bar café em sua cobertura”, conta o arquiteto.

 

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Complexo Cultural Rivello vai contar com bar café em sua cobertura
A expectativa é grande para que as obras sejam viabilizadas com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e executada por profissionais da própria cidade, como forma de geração de emprego e renda para a comunidade local. Valores e prazos para conclusão não foram divulgados. “Durante as obras serão desenvolvidas exposições temáticas, visitas guiadas, canteiro escola de restauro, além de palestras e workshops sobre Economia Criativa, envolvendo toda a comunidade no empreendimento cultural”, completa Wanderson Ferreira. Patrocinaram o projeto arquitetônico a Clínica Amar Veterinária, Atlas Hotel e Grupo Uai de Hotéis.

PATRIMÔNIO CULTURAL E ECONOMIA
A tradição empreendedora da Família Ferrari construiu o Cine Rivello, um lindo exemplar do importante cenário da Sétima Arte em Sete Lagoas que resistiu de 1958 a 2005 ao advento da televisão, e a partir dos anos 1980 às locadoras de vídeo, movimento que encerrou a carreira de diversos cinemas importantes de todo o Brasil. 

“O empreendimento cultural dos irmãos Ferrari, que por enquete pública ga-nhou o nome da cidade natal dos sócios, foi criado para atender a Sete Lagoas que se desenvolvia nos meados do século XX, oferecendo 1.100 lugares para o entretenimento e encantamento do público. Praticamente sem atividade desde a sua última exibição, o Cine Rivello, aguardava incólume o momento de retornar ao cenário cultural dos setelagoanos, esperança que sempre nutriu os herdeiros dos Ferrari e a população local”, considera o arquiteto Wanderson Ferreira. 

Para ele, o entendimento da dimensão econômica da cultura e o desenvolvimento da Economia Criativa - junto a importantes leis de incentivo à Cultura à níveis nacional e estadual - renasce o sonho deste precioso bem cultural re-tomar sua importância na cidade. “O Cine Rivello, como remanescente da era dos cinemas em Sete Lagoas, é um importante patrimônio cultural do municí-pio, um memorial a todos os empreendedores cinematográficos que encheram de arte a vida de tantas gerações. Por isso deve ser preservado para as futuras gerações. O nosso projeto é fruto desse reconhecimento por parte dos proprietários do imóvel, que buscam a partir da sua proteção, a viabilidade financeira para instalar na edificação um Complexo Cultural que desenvolva a produção artística local e contribua com a fruição de espetáculos cênicos e cinematográficos, além de fomentar as demais cadeias produtivas da Economia Criativa”, finaliza Ferreira. 

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Sobre o arquiteto
O projeto será coordenado pelo arquiteto sete-lagoano especialista em equipamentos culturais, Wanderson Ferreira, e pelo produtor e gestor cultural, Marcus Paullus. A dupla carrega em seu portfólio obras icônicas como as do Cine Teatro Brasil Vallourec (BH), Teatro Riachuelo (Rio de Janeiro), Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio de Janeiro, Museu da Imagem e do som do Rio de Janeiro, Palácio Gustavo Capanema (Rio de Janeiro), Museu do Ipiranga, em São Paulo, entre outros.

 

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O arquiteto Wanderson Ferreira
Ficha técnica
Arquitetura: Wanderson Ferreira e Anderson Chagas
Dossiê de tombamento: Marcus Paullus G. Passos, Márcio Vicente Silveira Santos e Wanderson Ferreira
Laudo técnico do estado de conservação do imóvel: Marcus Paullus G. Passos e Wanderson Ferreira
Consultoria: Pedro Pederneiras (mecânica e iluminação cênica), Marco Antônio Vecci (acústica), Amacedo Engenharia (levantamento arquitetônico e prevenção e combate a incêndio), Eduardo Guerra (planejamento físico financeiro) e Duarte de Paula (assessoria jurídica).
Patrocinadores do projeto arquitetônico: Clínica Amar Veterinária, Atlas Hotel e Grupo Uai de Hotéis.

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