DOM JUAN MODERNO

06/05/24 - 09:00

Por Wanderlei Guedes da Silva 

Enquanto me deliciava com o menu do meu lanche matinal, que alguns chamam de café da manhã, olhando a embalagem da lata do leite moça, intui que deveríamos reverenciar as mulheres como se estivéssemos acariciando uma pétala de rosa. O conteúdo adocicado de um condensado laticínio e nele se lambuzar. Isso, claro, sem conotação erótica, mas de forma muito verossimilhante.  

Concluí que quando formos cortejá-las e logo em seguida namorá-las, deveríamos trata-las com a leniência e dignidade que precisam e merecem. Afinal estaremos invadindo um templo sagrado, rompendo portões com nossos aríetes enfezados, impudicos e atrevidos.  

O corpo da mulher deveria ser encarado como um campo minado – eufemismo calhorda - onde a cada toque de delicados dedos e não com os pés, centenas de explosões orgásticas iriam se prometendo durante o embate onírico, libidinoso. Não deveríamos afobadamente invadir sua trincheira no intuito de apenas usufruir das benesses e indulgências outorgadas pelo amor ou pela paixão. Haveria assim o mais delicioso escambo que a humanidade já experimentou. Reciprocidade como os dois lados de uma moeda, daquelas de chocolate.

Destarte, jamais procederíamos como um Gargântua ou Pantagruel de Rabelais, e sair mansprando as parceiras, esposa, namorada ou crush a la Bangu e sim, liba-las como a um pote de sorvete de sapoti. E ao beijarmos seus perfumados corpos deveríamos ter a honradez de fazê-lo como se estivéssemos provando um delicado licor de essências melífluas ou de premiados vinhos oriundos de videiras edênicas. Sejam elas, as pretendidas, da cor do vinho tinto, do branco ou do rosê.

Uh, que calorão! 

Wguedesilva@gmail.com

 

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