Crônicas

A rede

12/05/23 - 16:30

Por Élida Gontijo


    Na minha família a rede é objeto de primeira necessidade. Gontijo que se preze tem uma rede em casa. Tenho boas recordações sentada em volta de uma rede, escutando meu pai contar histórias, a maioria inventada, meu primeiro mestre de literatura.


    Quantas brincadeiras eu e meus irmãos fazíamos na rede, ela se transformava em barco em um mar bravio, cavalo de rodeio, a criatividade espalhava pelo tecido. Muitas vezes caíamos de cabeça no chão, não dávamos importância, era mais um galo na testa.


    O barulhinho da rede balançando enche meu coração de saudade, escuto boas risadas da minha tia Zazá, uma mulher guerreira, que também amava sentar na rede, contar casos, reunir a família, nunca escutei gargalhadas tão boas quanto as dela.    

O fascínio pela rede extrapola, tenho um tio , que consegue almoçar balançando na rede, pra mim um desafio , nunca consegui.


    Sigo a tradição, embalei minhas filhas quando bebês  no balanço gostoso da rede, hoje ando precisando comprar uma rede , a minha estragou, ficou um vazio, um espaço, os ganchos esperando os personagens para compor o mágico cenário. A nova geração também já está gostando da rede, Aurora, minha sobrinha neta, fica bem feliz deitada em uma delas.

Tenho certeza que Dona Imaginação já contou para ela que ali é possível sonhar, viajar, encontrar príncipes, princesas, sapos , anões, diversas aventuras.

Embalei meu texto no balanço da rede, na saudade gostosa de um tempo que ficou lá atrás. Sugiro aos meus leitores que se não têm uma rede, procurem adquirir e deixem a Dona Imaginação guiar-lhes pra lá, pra cá. Segue o balanço.


Élida Gontijo- maio de 2023. 
 

Élida Gontijo

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