Rodrigo Rocha, natural de Belo Horizonte e atualmente residente em Sete Lagoas, é um nome reconhecido no mundo da comunicação e entretenimento. Iniciou sua carreira na Rádio Cultura de Sete Lagoas em 1988, dedicando-se ao departamento esportivo. Com o tempo, tornou-se um talentoso imitador e criador de personagens, sendo Tieta Presley a mais famosa delas. Em uma entrevista exclusiva, Rodrigo compartilha sua trajetória, influências e desafios ao longo de sua carreira.
Como e quando começou a sua carreira na comunicação?
Minha carreira na comunicação começou em meados de 1988, quando me ingressei na Rádio Cultura de Sete Lagoas, onde fiz parte da equipe de esportes. Foi o início de tudo, embora eu tenha desempenhado apenas funções no departamento esportivo, como reportagem, redação, apresentação e plantonista. Meu grande sonho era ser narrador de futebol, uma oportunidade que nunca tive na rádio.
Quais as referências que te incentivaram a seguir na profissão de jornalista e comunicador?
Minha principal referência à época foi meu pai, Sr. Tonico Boa Fala, que fazia um programa na Rádio Cultura SL. Ele foi um grande incentivo para mim. Além disso, ele colocava um radinho de pilha e captava as rádios de São Paulo. Assim, eu ouvia programas de humor como “A Turma da Maré Mansa” da Rádio Capital SP, e narradores esportivos da Rádio Bandeirantes como Fiori Gigliotti e Eder Luiz. Também ouvia programas policiais do Gil Gomes e Afanásio Jazadji. Em Minas Gerais, grandes referências para mim foram Pascoal e Osvaldo Faria, além do saudoso Willi Gonser, um dos maiores locutores esportivos da história.
Você atuou como jornalista esportivo e narrador de futebol em grandes rádios da região. Como foi essa experiência e o que te fez migrar para outro segmento dentro da profissão?
Minha iniciação no mundo esportivo se deu pela negação da Rádio Cultura em me dar uma oportunidade como narrador. Trabalhei dois anos sem remuneração no esporte da Cultura até que a Rádio Eldorado chegou à cidade. Lá, realizei um piloto como locutor esportivo e fui aprovado imediatamente. Dediquei-me ao esporte porque sempre gostei de futebol e outros esportes, mas também tinha um interesse pelo humor. Na Eldorado, comecei a imitar personagens como Nerso da Capetinga, João Canabrava, Silvio Santos e Pelé no programa “Roleta Russa”, e foi aí que surgiu a Tieta Presley em 1992.
Como surgiu a ideia de criar o personagem Tieta Presley?
A ideia surgiu durante uma transmissão em que o repórter Ubiratan Silva visitava uma casa no bairro Progresso, conhecida como “casa da luz vermelha”. Eu estava no estúdio da rádio pensando em qual personagem utilizar e, espontaneamente, criei a voz da Tieta para brincar com a entrevistada. O sucesso foi imediato, e a personagem Tieta Presley foi batizada em homenagem à atriz Beth Faria e ao cantor Elvis Presley.
Você já chegou a sofrer algum tipo de preconceito na época por causa da interpretação do personagem?
Sim, muito. O preconceito era claro por parte de algumas pessoas, e até hoje ainda acontece. No entanto, não ligo, pois a identidade do Rodrigo, criador e intérprete da Tieta, era desconhecida. Trabalhei na Rádio Liberdade por quinze anos, e a ideia era manter o personagem sem desmistificar. Trabalhei com muitos artistas homossexuais e aprendi muito com eles, pessoas de caráter e muito sofridas pelo preconceito. A Tieta foi precursora em Belo Horizonte de um movimento hoje conhecido como LGBTQIA+. Embora eu não seja gay, abracei a causa como se fosse.
Quantos anos o personagem Tieta Presley ficou no ar?
A Tieta ficou no ar por trinta anos.
Natural de Belo Horizonte, atualmente você está residindo em Sete Lagoas. Qual é a sua área de atuação hoje?
Sim, estou residindo novamente em Sete Lagoas há dois anos. Atualmente, trabalho com música, algo que faço há muitos anos. Toco voz e violão no estilo MPB/POP ROCK nas noites setelagoanas.
Na sua opinião, qual a maior dificuldade hoje em criar e/ou trabalhar com personagens nas rádios, após a chegada da internet?
A chegada da internet foi uma revolução global, abrindo portas para muitos talentos. No entanto, o rádio, por não ter imagem, sofre com a concorrência, pois hoje todo mundo quer ver e não apenas ouvir. Muitas emissoras de rádio estão se adequando e colocando sua programação ao vivo no YouTube para não ficar para trás.
Você tem pretensão de voltar a trabalhar na comunicação? Procurou oportunidades na área após retornar para Sete Lagoas?
O rádio é um vício que não se cura da noite para o dia. Não descarto a possibilidade de voltar, desde que haja oportunidade. Procurei oportunidades aqui, mas não fui bem-sucedido. Quando acontecer, vou abraçar com todo carinho. Não sofro por causa disso, sigo minha vida de cabeça erguida, e se surgir um bom projeto, estou dentro.
Existe a possibilidade de Tieta Presley voltar ao ar ou não é da sua vontade?
Existe a possibilidade, sim. Se o projeto for interessante e a personagem puder explorar novas ideias, com certeza.
Qual a importância que o personagem Tieta Presley teve na sua vida profissional?
A Tieta é a minha vida. Foram trinta anos de muita dedicação e amor ao rádio, sempre cuidando da mensagem que a Tieta entregava. Sou grato por tudo que a Tieta me proporcionou: conhecer pessoas incríveis, ter um bloco de carnaval de sucesso em BH, viajar pelo Brasil fazendo shows. E o mais importante, a Tieta me ensinou que qualquer tipo de preconceito é uma opinião sem conhecimento.