Reitora da Unifemm fala sobre superação financeira, expansão acadêmica e o futuro 

A reitora Viviane Mayrink ressalta que estrutura física do Unifemm abre horizontes para receber, também, eventos de grande porte.

O SETE DIAS traz uma entrevista com a com a reitora do Unifemm, Viviane Mayrink. Com um currículo extenso que inclui um doutorado em Administração pela PUC-MG, mestrado em Direito pela UFMG e vasta experiência em gestão acadêmica e projetos sociais, Mayrink compartilha os desafios e conquistas desde que assumiu a reitoria da instituição. Confira os destaques dessa conversa que aborda a superação financeira, expansão acadêmica e os planos futuros do Unifemm.

Faça um balanço desde que assumiu a reitoria da Unifemm até o momento, quando o vínculo foi renovado.

As questões de sobrevivência financeira e também ligadas à pandemia, tomaram a atenção da gestão, mas mesmo no contexto neste período dobramos o número de alunos, e elevamos o percentual de discentes da EAD, que hoje perfaz o total de quase metade de todos os nossos alunos. O portifólio dos cursos aumentou, nos tornamos mais competitivos tanto em preço quanto em ofertas para o mercado. Ampliamos nossa capilaridade e hoje estamos com operação em outros estados do Brasil. 

Quando assumimos o UNIFEMM, nossa preocupação foi de imediato buscar sanear as contas. Isso custou a demissão de cerca de 300 pessoas, entre colaboradores e docentes. De fato, se prevalecesse a situação como estava, a saída seria o encerramento das atividades, para evitar que o patrimônio da fundação fosse por água abaixo, pagando dívidas correntes. 

Logo depois, foi tentada a alocação de investimento da ordem de 9 milhões de reais, que se tornou inviável porque não havia disponibilidade de pagar mensalmente pelo empréstimo. 

Partimos então para a recuperação judicial, que nos fez ganhar prazo para nos organizarmos minimamente. 

Durante os últimos 5 anos, a gestão não fez sequer um único empréstimo, e até este momento estávamos operando sem capital de giro, o que nos colocava numa situação delicada financeiramente, precisando aguardar a quitação das mensalidades para saldar compromissos. 

Toda essa situação que foi criada nos anos anteriores obrigou esta gestão a tomar medidas que desagradaram muita gente, mas sem as quais o UNIFEMM não teria sobrevivido. 

Isso também só foi possível com a compreensão e colaboração das equipes e também da Diretoria Executiva e Conselho Curador, que mostraram uma verdadeira entrega emocional à causa. Posso garantir que hoje quem permanece conosco permanece por acreditar no UNIFEMM, e agora irá colher os frutos da persistência. A história que estamos escrevendo é um milagre.

Como foi essa transição dos alunos da Faculdade Ciências da Vida para o Unifemm?

Foi tranquila, respeitosa e somos muito gratos à Faculdade Ciências da Vida por ter nos oportunizado essa situação. Sempre fomos concorrentes respeitosos. Somos setelagoanos, isso facilita muito a comunicação. 

O que muda com essa iniciativa e os próximos passos?

Além do aumento do faturamento prela recepção de novos alunos, a situação mostrou claramente que o UNIFEMM continua sendo referência,  a despeito da torcida contrária de quem se incomodou com as medidas drásticas tomadas. 

Além da vinda dos novos alunos, que recebemos com toda atenção,  houve a autorização judicial de venda de uma parte do terreno da FEMM, que está sem uso e que não tem relevância para garantir quitação de débitos da recuperação judicial. Isso nos dará maior conforto operacional. 

Quais são os seus planos para a instituição nos próximos anos?

Os planos são encerrar a recuperação, pagando os credores, lembrando que o patrimônio da FEMM é mais que suficiente para isso, e continuar ampliando os negócios, diversificando em termos de oferta e adentrando outras regiões geográficas do ponto de vista comercial. 

Pretendemos também consolidar a EAD e fomentar a pós-graduação. 

Em termos de gestão, temos uma mudança de cultura para fazer, que vai exigir que todos os colaboradores introjetem que precisamos ser uma organização voltada para o nosso cliente, que é o nosso aluno. Temos que criar condições mais efetivas de atender as demandas, precisamos definitivamente perseguir isso.  Por causa das dificuldades iniciais tivemos que permanecer mais tímidos em termos de treinar e exigir mais do nosso colaborador, mas a situação está definitivamente superada e acho que não encontraremos barreiras.

Alguma novidade em relação a novos cursos e parcerias?

Estamos nos tornando uma organização mais moderna. Neste sentido, vamos ingressar em um novo vetor de captação de recursos que poderá gerar muitos frutos positivos e que fica de surpresa porque não posso revelar. 

As nossas atividades de extensão também passarão a abarcar mais projetos sociais e buscaremos afinar a interlocução com as políticas socioassistenciais da região. 

Como está a saúde financeira do Unifemm?

Como dito acima, a vinda da Ciências da Vida e solução encontrada para que o fluxo de caixa seja organizado, nos tira de embaraços operacionais. Importa dizer que é impossível pensar que uma empresa cujo patrimônio seja 3 vezes maior que suas dívidas, quebre. Basta imaginar, por exemplo: se você tem deve 10 reais na padaria  e tem 30 reais de dinheiro guardado, você pode quebrar? A resposta é um sonoro não. 

Infelizmente, em razão da questão do descompasso entre as datas de entrada de pagamento de mensalidade e vencimento de dívidas ficamos expostos. E somando-se a isso a postura, absolutamente compreensível, de parte de quem se viu prejudicado pela recuperação judicial, em denegrir a imagem da FEMM, acabamos por levantar essas suspeitas, o que também compreendemos. 

Importa saber que ninguém joga pedras em árvore sem frutos, e que de fato é típico do ser humano buscar culpados, diante inclusive de uma situação que já encontramos instalada no UNIFEMM, ainda em 2019, quando assumimos.

Hoje a instituição também aproveita melhor sua estrutura física, como a cessão para a realização de shows e outros eventos?

Essa era uma questão bastante importante que não costumava ser explorada. Nosso campus é enorme e nos faz muito bem receber parceiros interessados na locação. No início tivemos que nos adaptar com os horários e com fazer as locações em gerar transtorno para as aulas. Hoje estamos já adaptados para isso. A tendência é manter e ampliar, inclusive com eventos dentro do campus.