Por Padre Evandro Bastos
Um questionamento básico, mas essencial para a realização humana, é responder: Quem eu sou? Trata-se de saber de si, das suas questões, dos seus conflitos, das suas vitórias, da sua história e como você é capaz de vivê-la. Potencializa a compreensão das suas escolhas, assim como sinaliza para a maturidade diante dos desafios e enfrentamentos que a vida nos apresenta. Muitas vezes é resultado de uma leitura profunda de todo itinerário percorrido, ou pode ser também fruto de uma revisão de vida, ou mesmo de uma leitura externa que ajudará a organizar as idéias, e seguir mais autoconfiante.
Conforme as situações da vida vão aparecendo, comumente vamos focando em buscar soluções, resolver conflitos, dar encaminhamento para os acontecimentos. Os dias vão se passando, não temos tempo para cuidar bem de nós mesmos, e então nos perdemos, escravos da fragmentação de uma existência confusa e até irreal. Em tempos pragmáticos e agitadíssimos o que mais angustia é o medo de não conseguir apresentar a resposta, ou o resultado, e tempo hábil, e não ser reconhecido pelos outros. Há uma ansiedade própria da aprovação dos outros e da valorização das conquistas materiais e passageiras.
Existe ainda, a vulnerabilidade da integridade. Sujeitos fragmentados dificilmente conseguirão dizer de um lugar integral. A visão sempre será desconfigurada, com discursos produzidos para agradar e uma visão unilateral e pouco holística. As coisas vão se encaixando conforme a especialização de cada limitador, em parâmetros rasos e, por vezes, desorganizados.
Buscando ensinar sobre a importância do SER INTEIRO, Jesus pergunta “quem dizem que Eu Sou?” Não é um interesse do olhar avaliativo ou até justificador do outro. Também não é uma crise de identidade que se deixa contorcer pela fala do outro, e sofrer angustiado como “o quê será que estão penando de mim? Será que vão me aceitar?” O Mestre não precisa disso!
O aprendiz atento está focado no seu ser inteiro. Em meio a tudo que a vida lhe traz, ele não perde a capacidade de manter-se conectado com suas realidades, valores, escolhas e princípios. Ele ouve pela riqueza do olhar externo, buscando uma sintonia fina com quem vê, sente e pensa o outro, considerando-se, antes pela lente interior. ENCONTRAR-SE é um caminho estrutural para a potencialidade da construção da resposta essencial: QUEM EU SOU?
