Inaugurada no dia 17 de dezembro deste ano, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Sete Lagoas está em fase de pré-operação e, em breve, tratará 100% de todo o esgoto captado na cidade. Com um investimento superior a R$ 100 milhões, a estrutura promete transformar a realidade ambiental de toda a região. A ETE garantirá o tratamento adequado dos efluentes gerados na malha urbana, abrangendo as bacias do córrego dos Tropeiros e do ribeirão Matadouro, que desaguam no Rio das Velhas.
Porém, Poliana Aparecida Valgas Carvalho, presidenta do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas), alerta que a responsabilidade de Sete Lagoas vai muito além da inauguração da ETE. “A responsabilidade de Sete Lagoas não para por aí. É necessária a retomada urgente do pagamento da cobrança pelo uso de recursos hídricos, já que o município capta água diretamente do Rio das Velhas”, destacou Poliana.
Com o pleno funcionamento da ETE, Sete Lagoas pode deixar um histórico negativo de poluidor da bacia do Rio das Velhas e se tornar um exemplo em compromisso ambiental e saúde pública.
Entrevista com Poliana Valgas e as perspectivas do CBH Rio das Velhas:
Qual é o tamanho da responsabilidade ambiental de Sete Lagoas quanto à emissão de esgoto no Rio das Velhas?
A operação da nova estação de tratamento de esgoto será extremamente positiva para a saúde do córrego do Matadouro, do ribeirão Jequitibá e também do Rio das Velhas. Mas a responsabilidade de Sete Lagoas não para por aí. É necessária a retomada urgente do pagamento da cobrança pelo uso de recursos hídricos, já que o município capta água diretamente do Rio das Velhas. A ausência deste pagamento ao IGAM impacta diretamente as ações de recuperação ambiental e preservação da bacia realizadas pelo CBH Rio das Velhas. Essas ações incluem a preservação de nascentes, recuperação de áreas degradadas, saneamento rural, construção de barraginhas e terraços em propriedades rurais. A continuidade dessas iniciativas depende do compromisso de Sete Lagoas com o pagamento dos recursos da cobrança.
Quais são as perspectivas a partir de agora para a região?
Com a operação plena da ETE, esperamos uma significativa melhora na qualidade da água da bacia do ribeirão Jequitibá, que desagua no Rio das Velhas. Além disso, há a expectativa de que Sete Lagoas participe de forma mais ativa nas discussões sobre a gestão da Bacia do Rio das Velhas.
Como o CBH Rio das Velhas vai acompanhar essa operação?
O CBH Rio das Velhas continuará monitorando os cursos d’água, como o córrego do Matadouro e o ribeirão Jequitibá, através do Subcomitê Jequitibá. Seguiremos discutindo os problemas locais com a sociedade, construindo redes e buscando soluções conjuntas entre os diversos atores do território. Já a fiscalização sobre os padrões do efluente tratado da ETE é de responsabilidade da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais.