Passamento

Aloísio Vander

O passamento, segundo Allan Kardec, é a “transição da vida corporal para a espiritual. Nesse instante a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações.” (…) Mas, “há casos em que a alma pode contemplar conscientemente o desprendimento (…). A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. À proporção que se liberta, a alma encontra-se numa situação comparável à de um homem que desperta de profundo sono; as ideias são confusas, vagas, incertas; a vista apenas distingue como que através de um nevoeiro, mas pouco a pouco se aclara, desperta-se-lhe a memória e o conhecimento de si mesma. Bem diverso é, contudo, esse despertar; calmo, para uns, acorda-lhes sensações deliciosas; tétrico, aterrador e ansioso, para outros, é qual horrendo pesadelo.” (O Céu e Inferno. O passamento, item 6)

A diversidade das experiências do passamento está evidentemente associada à forma de vida que levou o Espírito enquanto encarnado. Se viveu mal, o passamento é desagradável.

Entreguemos novamente a palavra a Kardec:

“Conquanto infinita a diversidade de punições, algumas há inerentes à inferioridade dos Espíritos, e cujas consequências, salvo pormenores, são pouco mais ou menos idênticas. A punição mais imediata, sobretudo entre os que se acham ligados à vida material em detrimento do progresso espiritual, faz-se sentir pela lentidão do desprendimento da alma; nas angústias que acompanham a morte e o despertar na outra vida, na consequente perturbação que pode dilatar-se por meses e anos. Naqueles que, ao contrário, têm pura a consciência e na vida material já se acham identificados com a vida espiritual, o trespasse é rápido, sem abalos, quase nula a turbação de um pacífico despertar.” (O Céu e o Inferno. Código Penal Da Vida Futura, item 22)

Enfim, é exatamente como diz a sabedoria popular: “Tal vida, tal morte.”