Obsessão e cura

Por Aloísio Vander

As pessoas têm as mais diversas opiniões sobre o que seja o chamado encosto. 

No Dicionário Aurélio, encosto é, “entre os espíritas, espírito que está ao lado de um ser vivo para protegê-lo ou prejudicá-lo”.

A definição é aceitável, peca apenas por atribuí-la aos espíritas. Kardec nunca usou esse termo.

Embora o Aurélio o tenha definido como sendo bom ou mau, entendemos o encosto por algo negativo.

Em Espiritismo, encosto corresponde a obsessão.

Obsessão, segundo Allan Kardec “é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo”. Esse Espírito mau a que Kardec se refere não é um ser exótico, um demônio, diabo ou satanás, à parte da Humanidade, mas sim a alma de um homem que viveu na Terra. Homem vicioso que, após a morte do corpo, continuou a buscar, sequioso, a satisfação de seus desejos inferiores junto aos homens que se lhes assemelham no caráter.

Chamamos a atenção para a causa radical das obsessões, conforme aponta Allan Kardec, ainda em O Evangelho Segundo o Espiritismo: “a obsessão é sempre o resultado de uma imperfeição moral”. Imperfeição moral de ambas as partes, ou seja, do Espírito obsessor e da pessoa encarnada que a sofre. Por isso, em numerosos casos o encarnado se compraz na obsessão. Isso é típico nos casos ligados ao uso desregrado das funções sexuais, da toxicomania, do alcoolismo e dos excessos de alimentação, que são todos problemas de fundo espiritual.

Por isso, as iniciativas “de fora” podem ajudar no tratamento das obsessões, mas somente as “ações de dentro”, isto é, a substituição dos maus hábitos por hábitos saudáveis, que nos transformem efetivamente em homens de bem, poderão nos forrar a essa enfermidade que assola o mundo em caráter pandêmico.

Jesus permanece como nosso mais alto modelo de perfeição moral. Se desejamos nos curar definitivamente, devemos imitá-lo, visto que, diante de sua figura impoluta, os Espíritos obsessores se curvavam, conforme está registrado no Evangelho de Marcos: “E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus.”