É muito dolorida a perda de um ente querido. Por isso, é legítima a manifestação dessa dor.
Todavia, quando as lágrimas não cessam, somando-se à lamentação contínua, passamos a concorrer fortemente para a perturbação do ser que partiu.
Leão Tolstoi (Espírito), na obra “Ressurreição e Vida”, traz, em um de seus capítulos, um exemplo do que acabamos de afirmar.
Conta-nos Tolstoi que Rafaela, uma mãe inconformada com a perda da filha pequena, sonhou determinada noite que havia sido convidada para uma festa exclusiva para crianças, no plano espiritual.
Nesse lugar, as crianças eram portadoras de asas brilhantes. Subitamente, a mãe vê sua filhinha desencarnada afastada do grupo, a pequena Adda estava triste, chorosa, acabrunhada. Trazia as asas molhadas e sem brilho e tiritava de frio.
Ela perguntou à filha por que estava naquelas condições ao invés de estar com as outras crianças. Adda foi enfática. Estava assim por causa das blasfêmias da mãe contra as determinações divinas. Suas pesadas lágrimas molhavam as suas asinhas, chumbando-a ao seu lado, no mesmo plano de angústias. E acrescentou: se a mãe mudasse os pensamentos, conformando-se com as ordenações divinas, ela, Adda, poderia alçar voo ao Infinito, fruindo das benesses do “paraíso”, onde aguardaria a mãezinha querida.
Desde aquele dia, Rafaela se conformou e, sempre que tomava conhecimento de alguma mãe não resignada pela perda de um filho, adiantava-se a contar a sua experiência, na ânsia de poder transmitir a outros corações a mesma serenidade que passou a sentir depois do sonho revelador.
Na mesma obra, há outro caso que ilustra o oposto, ocorrido com o próprio Tolstoi. Após a perda repentina de um amigo muito querido, ele passou a orar por ele todos os dias, rogando a Deus que o amigo encontrasse, na nova vida, paz e felicidade. Mais de sessenta anos decorridos, Tolstoi regressou ao mundo espiritual e reencontrou seu querido amigo Boris. Este revelou a Leão o quanto as suas preces lhe fizeram bem naqueles primeiros e difíceis momentos de readaptação ao plano espiritual.
A morte é uma ilusão! A única realidade é a da vida imortal.