Saúde Bucal

SOLTANDO A LÍNGUA

02/02/24 - 11:18

Por Dr. Juliano Alves Roque

Nos últimos anos, temos observado um esforço nacional para elevar as taxas de aleitamento materno, alinhando-se às recomendações do Ministério da Saúde. A orientação é clara: amamentar até os dois anos de idade ou mais, com os primeiros seis meses dedicados exclusivamente ao leite materno. Após esse período, a alimentação deve ser complementada por alimentos saudáveis, sem, no entanto, interromper a amamentação.
Os benefícios do ato de amamentar são vastos, proporcionando uma fonte sustentável de nutrição, proteção contra infecções para o bebê e a redução do risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. Estudos ainda indicam que crianças que foram amamentadas tendem a ter um desenvolvimento cognitivo mais saudável, contribuindo para um crescimento craniofacial adequado.


Além disso, a prática da amamentação traz vantagens para a saúde da mulher, diminuindo os riscos de hemorragias pós-parto e reduzindo as chances de câncer de mama, ovários e colo de útero, fortalecendo o vínculo materno-infantil.
No entanto, algumas situações podem impossibilitar que as mães amamentem, acarretando em consequências negativas. Uma dessas situações é a anquiloglossia, conhecida como "língua presa", que se refere à restrição oral da língua do bebê. A língua desempenha um papel vital em funções como sucção, deglutição, mastigação e fala. Quando o frênulo (prega que insere a língua na crista alveolar inferior) apresenta alterações em sua estrutura, limitações no movimento da língua podem surgir, afetando atividades como o choro, a lactação, a fala e até mesmo o desenvolvimento ósseo e muscular.
Para diagnosticar essa condição, foi instituído no Brasil o teste da linguinha (Lei nº 13.002/2014), tornando obrigatória a sua aplicação em hospitais e maternidades. O objetivo é avaliar a necessidade de intervenção cirúrgica conhecida como "pique na língua" ou frenotomia. Essa cirurgia, realizada dentro do consultório odontológico por um cirurgião-dentista, consiste em uma incisão linear, segura e pouco invasiva, com mínimo desconforto pós-operatório, desde que realizada nas condições ideais. Quanto mais cedo o procedimento for realizado, melhor será o desempenho da língua, diminuindo a probabilidade de abandono precoce da amamentação.


Portanto, esclarecer as indicações e critérios diagnósticos baseados em avaliações clínicas com testes validados e profissionais capacitados é essencial para garantir que os bebês se beneficiem e sejam tratados em tempo hábil, evitando a interrupção precoce da amamentação, dores e feridas nos seios das mães, cansaço e cólicas excessivas. É fundamental também estar atento à possibilidade de indicações desnecessárias de um sobretratamento. Vale ressaltar que a frenotomia isoladamente nem sempre resolve as limitações da amamentação, sendo necessário um acompanhamento multiprofissional, envolvendo cirurgião(ã)-dentista, fonoaudiólogo(a) e consultor(a) de amamentação.
 

Dr. Juliano Alves Roque

Especialista e Doutor em Ortodontia
Elodente Clínica Odontológica
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E-mail: elodente@hotmail.com

3776-8400 / WhatsApp: 9 8878-8400

 

 

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