NOSSA HISTÓRIA

28/05/22 - 08:00

“Havia chegado para Sete Lagoas o régio presente do qual falou Dom Cabral, quando visitado por uma caravana de setelagoanos: o Padre Messias! Dotado de alto discernimento e inafastável desejo de servir, soube ele aproveitar um momento de júbilo intenso, para lançar a semente de um ideal.

A exemplo de todo o país, a cidade comemorava o primeiro centenário da Independência. Aconteceu no velho Cine Meridiano, de propriedade do pioneiro Braz Filizzola. Para aquela sessão solene, ali estavam as mais representativas figuras do município. Era uma reunião das forças capazes de decidir e ajudar. Não poderia haver outro instante mais propício para lançar o grande desafio. E Padre Messias soube fazê-lo. Relembrou a sua infância de extrema pobreza e a sorte que teve de ser conduzido ao seminário pelas mãos de Dom Silvério Gomes Pimenta. Discorreu sobre o futuro sombrio que pesava sobre a maioria da juventude local, pois apenas alguns poderiam ser mandados para fora, para os internatos, a fim de prosseguirem na vida estudantil. Diante da importância de se criar na cidade, em bases sólidas, um estabelecimento de ensino secundário, propondo que todos se unissem para a consecução do grande ideal. Era um desafio que lançava à cidade, apenas dois meses após a sua chegada a Sete Lagoas” (CAMINHANDO PARA DEUS, Pesquisa para uma biografia de Monsenhor Messias de Senna Baptista, pág. 83. Sete Lagoas, 1996). Assim o biógrafo JOSÉ AUGUSTO FARIA DE SOUSA narrou a primeira iniciativa do Padre Messias rumo à construção do “Colégio Eucarístico da Independência”, depois “Gymnásio Municipal Dom Silvério, e, por fim, Colégio Dom Silvério. Dali até a concretização do sonho, percorreu-se as seguintes etapas: criação da Sociedade Propagadora da Instrução, para cumprir o objetivo, cujo capital foi subscrito por 806 cotistas, sendo a iniciativa apoiada pela Câmara Municipal e por toda a sociedade (27-11-1922); lançamento da pedra fundamental do que viria a ser o atual prédio do Colégio Dom Silvério (abril-1923); inauguração do Colégio Eucarístico da Independência na casa nº 10, da Rua Dr. Pena, adaptada para aquele fim (07-09-1923); inauguração do prédio na Rua Silva Jardim, hoje Monsenhor Messias, com o nome de Gymnásio Municipal Dom Silvério, pois o terreno pertencia à Prefeitura de Sete Lagoas (pág. 83). Diante das dificuldades financeiras por que passou, o ginásio quase fechou. Mas com os esforços do Padre Messias tudo foi contornado. Posteriormente, o terreno foi transferido para a Igreja Católica, surgindo, assim, o Colégio Dom Silvério (pág. 89). O primeiro corpo docente do Colégio Eucarístico da Independência foi o seguinte: Padre Messias de Senna Baptista, Padre Pedro Machado Rezende, Dr. Amarílio Pereira Pena, Dr. Theophilo Benedicto Ottoni, Branca Ribeiro Pena e Odete Simões.

Não foi fácil criar o ensino secundário na cidade – lembra o historiador JOSÉ AUGUSTO. Inicialmente, em 1876, o educador mineiro Emílio Soares de Gouveia Horta, filho da histórica Ouro Preto, criou uma escola secundária, com um pequeno internato, que, no entanto, teve vida efêmera. Nela estudou o jovem João Antônio Avelar, que se tornaria médico e um dos grandes personagens de nossa história. Em 1881, o Professor Antônio Augusto Azeredo Coutinho idealizou o segundo colégio secundário, que também foi fechado. Seguiram-se, após, a Escola Normal de Sete Lagoas – criada em 20 de junho de 1894 – por iniciativa do Coronel Teófilo Marques Ferreira, Presidente da Câmara Municipal, que funcionou a partir de 1895, no velho sobrado da Praça Tiradentes, pertencente à família Chassim Drummond, e o Colégio Sagrado Coração de Jesus, fundado pelos Padres Premonstratenses, de origem belga, que também tiveram vida curta (pág. 77).

 “Enquanto viveu em Sete Lagoas” – destaca JOSÉ AUGUSTO FARIA DE SOUSA – “Monsenhor Messias usou a sua data natalícia para dar uma lição de humildade e solidariedade a todos os seus paroquianos. Dispensava todas as homenagens que pudessem ser organizadas e, silenciosamente, dirigia-se para a periferia da cidade. Ia em busca de uma casa habitada por uma família de leprosos, e com eles passava todo o dia, orando e ajudando-os a conduzir a cruz que carregavam” (Obra citada, pág. 176). Como mensageiro da palavra divina, amante da boa música e da educação, o Padre Messias ainda realizaria outras obras em nossa cidade! Era um tempo em que existia a profissão de “marido de professora”, o que será objeto do nosso próximo artigo. Até lá!

AMAURI ARTIMOS DA MATTA é Promotor de Justiça aposentado, diretor do Grupo Mão Amiga e presidente do Coral Dom Silvério

Veja Mais

SQLSTATE[42000]: Syntax error or access violation: 1064 You have an error in your SQL syntax; check the manual that corresponds to your MySQL server version for the right syntax to use near 'AND c.id NOT IN (27287) AND NOW() >= c.IniciarPublicacao ' at line 7