Franck Caldeira está de volta a Sete Lagoas

Um dos principais maratonistas brasileiros tem projetos para incentivar o atletismo local

06/06/21 - 12:57

Apaixonado por Sete Lagoas, Franck Caldeira tem o hábito de treinar subindo a Serra de Santa Helena: maratonista tem carreira premiada
Apaixonado por Sete Lagoas, Franck Caldeira tem o hábito de treinar subindo a Serra de Santa Helena: maratonista tem carreira premiada

Celso Martinelli e Roberta Lanza

O sete-lagoano Franck Caldeira de Almeida, 38 anos, um dos principais maratonistas brasileiros, está de volta à sua terra natal. Agora de forma definitiva e com projetos para o esporte especializado. Morador por muito tempo do bairro Interlagos, onde passou infância e adolescência, o campeão quer tirar a criançada das ruas. “Eu vim de um bairro pobre, de classe média pra baixo e meu nome é resiliência. Quero passar toda essa experiência aos jovens, mas preciso de apoiadores, pois tenho muita coisa boa pra ensinar”, afirmou. Dentre as conquistas na carreira, Franck foi vencedor da Corrida de São Silvestre (2006), maratona masculina nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro (2007), Corrida Iveco Fiat Aniversário de Sete Lagoas (2008), Volta Internacional da Pampulha (2003, 2006 e 2007), dentre várias outras. Confira entrevista:

Fale sobre sua ligação com Sete Lagoas.
Voltei recentemente para Sete Lagoas e agora é pra ficar, até porque estou em um período de transição de carreira. Estou muito feliz com esse momento, depois de tantos resultados expressivos retornar a Sete Lagoas, cidade que me acolheu quando criança, na iniciativa do esporte. Tenho até hoje bons amigos aqui que ainda praticam o atletismo, onde comecei. O propósito era realmente voltar às origens, pois tenho muita afinidade com a cidade, terra de onde realmente saem boas pessoas, nomes reconhecidos no mundo inteiro, e eu sou um deles, graças a Deus. 

Quais os seus planos atualmente?
Foram mais de 22 anos de alto rendimento. Em 2016 foi minha última tentativa dentro do propósito de representar o Brasil em uma Olimpíada, onde já estive em duas oportunidades: uma em Pequim em 2008 e Londres em 2012. A tentativa foi frustrada por conta de uma lesão e então, como já era esperado, eu fiquei de fora dos jogos do Rio de Janeiro em 2016, por conta de 12 segundos. O tempo é pouco para os demais, mas muito para um atleta de alto rendimento, pois não trabalhamos com falhas, mas nosso corpo é humano e estamos sujeitos a essas situações. 

Como você se sentiu após essa experiência?
Eu vivi um momento muito tenso e isso abalou meu psicológico como um trauma, porque eu queria estar revivendo de novo o que o Brasil pode vivenciar em 2007 no Rio com a medalha de ouro nos jogos pan-americanos. Não deu certo em 2016 nas Olimpíadas, mas continuei caminhando. Fiz um trabalho recente no CPB (Comitê Paraolímpico do Brasil), no qual eu fui guia de um deficiente visual. Agora, de volta às origens, estou tocando projetos de estudos, como a faculdade de Direito que estou cursando. 

Você tem projetos para Sete Lagoas e região?
Sim, tenho um projeto que chama Maratona Fracionada em homenagem à medalha dos Jogos Pan-americanos do Rio, em 2007. O pessoal vai interagindo através das redes sociais (@frankcaldeira). A gente fez uma primeira demanda, com muitas pessoas correndo, cada uma em seus estados, todas com máscara e procedimentos que são exigidos por conta da pandemia. Eles têm 30 dias para correr 42km e, no final, o pessoal recebe um kit, uma medalha e um certificado digital assinado pelo Franck Caldeira. Também tenho outros projetos que quero fazer em Sete Lagoas que é tirar essa criançada das ruas. Eu vim de um bairro pobre, de classe média pra baixo e meu nome é resiliência. Quero passar toda essa experiência aos jovens, mas preciso de apoiadores, pois tenho muita coisa boa pra ensinar. 

O que você acha que falta para Sete Lagoas para revelar mais talentos como você, no atletismo e esportes especializados? 
Por quê Sete Lagoas não tem uma demanda de lançar para o mundo e para o mercado outros Francks, como lançou? E é exatamente por isso. Precisamos respeitar o espaço das pessoas e acreditar nelas. Acho que esse é o momento dos empresários acreditarem um pouco mais e investir nos atletas. A única coisa que salva vidas é ajudar ao próximo. Tudo aquilo que é feito com o coração, com amor, você tem a retribuição disso. O esporte salva vidas, salvou a minha vida, a de outras pessoas, além de lançar para o mundo grandes talentos.

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