Introdução alimentar: quando e como oferecer novos alimentos ao bebê?

29/07/22 - 09:00

Imagem: vitallogy.com
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A introdução da alimentação complementar representa um marco no desenvolvimento da criança e gera muitas dúvidas e insegurança aos pais. É um momento de vulnerabilidade nutricional, visto que a demanda por conta do crescimento muitas vezes supera o consumo de nutrientes.


Além disso, nesta fase, a criança está mais propensa a desenvolver certas intercorrências como alergias e intolerâncias alimentares, alteração de hábito intestinal (diarreia ou constipação intestinal), anemia e perda de peso. Assim, a exposição a novos alimentos deve ser oportuna, visando a uma boa formação dos hábitos alimentares e adequação nutricional.


Em entrevista ao JORNAL SETE DIAS, a Nutricionista Materno Infantil Renata Lopes orienta sobre os cuidados nessa nova fase do bebê.
Por Roberta Lanza 

Como saber que a criança está pronta para começar a introdução de alimentos?
Bom, existem sinais de prontidão que nos orientam sobre o momento de iniciar a introdução alimentar juntamente com a idade aproximada de 6 meses! Os sinais de prontidão são: sentar sem apoio (ou com o mínimo de apoio possível), ter controle da cabeça e do tronco, ter autonomia para pegar objetos e levá-los à boca, apresentar movimentos voluntários da língua (não empurra as coisas da boca), demonstrar interesse pelos alimentos (algumas crianças fazem os movimentos de mastigação mesmo antes de ter comida na boca). Estes sinais são importantes para reduzir o risco de engasgo, por exemplo, e nos levam a entender se a criança está pronta para receber a oferta de alimentos.

Qual é o melhor alimento para o bebê?
Sem dúvidas, o melhor alimento para o bebê é o leite materno! Até 1 ano, o leite materno continua sendo o principal alimento. Depois de 1 ano de vida, o leite materno (ou fórmula infantil) complementa a alimentação.

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Renata Lopes é Nutricionista Materno Infantil. Foto: Arquivo pessoal.

Como deve ser a introdução alimentar?
Nós temos métodos de introdução alimentar que são a tradicional papinha e o BLW os mais usados pela família. O BLW (Baby Led Weaning), que significa desmame guiado pelo bebê, é um método onde é oferecido o alimento em pedaços para o bebê e, dessa forma, a criança fica livre para comer sozinha. A tradicional papinha, todos conhecemos: os alimentos são amassados (não batidos no liquidificador) e oferecidos para o bebê. Na prática, não existe método melhor ou pior, cada família escolhe o que faz sentido, o meu papel como nutricionista é orientar. Gosto de falar que crianças precisam de experiências, por isso, escolho os dois métodos.

Muitas famílias têm uma vida corrida, e muitas vezes acabam optando por oferecer biscoitos, doces e refrigerante ainda antes dos dois anos. Qual é a sua orientação?
Bom, é necessário lembrar que os produtos industrializados, em sua maioria, acabam tendo uma grande quantidade de sal ou açúcar ou gordura. Até 1 ano, o bebê não precisa de sal, o sódio presente nos alimentos naturais é suficiente. Até 2 anos (pelo menos) não é necessário adoçar a comida do bebê e também não é recomendado, o paladar precisa conhecer os alimentos na sua forma natural. A partir da introdução alimentar, podemos incluir azeite na comida do bebê, que é uma fonte de gordura mais adequada do que “gordura vegetal hidrogenada” ou “gordura trans”, que costumam estar presentes nos alimentos industrializados. Por isso, sempre que possível, escolham alimentos na sua forma natural.

Você tem alguma recomendação a mais para os leitores?
Eu gosto de falar que crianças são como um espelho, refletem as atitudes dos adultos e, por isso, o exemplo da família é muito importante. Sempre que possível, façam as refeições em família, deixe que a criança participe. Tenha sempre disponíveis frutas sobre a mesa e legumes no momento das refeições. Quanto maior a oferta e disponibilidade de alimentos naturais, maiores as chances da criança manter o hábito de comer comida colorida, que traz vida e saúde para a sua família.