Akat Zone promove arte que vem das ruas

A brincadeira acabou por criar um grupo com objetivos definidos: viver da arte, encontrar pessoas com personalidade marcante e com a mesma ideologia de que "unidos somos mais fortes"

12/07/22 - 17:42

Batalhas de rimas e eventos são realizados em diferentes pontos da cidade: vale a pena conhecer!
Batalhas de rimas e eventos são realizados em diferentes pontos da cidade: vale a pena conhecer!

Celso Martinelli

Um movimento surgiu em Sete Lagoas em meados de 2014 e vem fazendo barulho. Trata-se da Akat Zone O nome foi criado por Dih Negro, Kilha e Muha Sansei e buscava de forma eloquente a discutir a sociedade e descobrir nas escolas alunos que tinham perfil artístico e intelectual diferenciada. “Nossa intenção era unir estes jovens a esta organização secreta.  Aos 12 anos já fazíamos rimas de improviso como nossa maior demonstração artística e aos 16 conhecemos o coletivo hiphop no Parque Náutico da Boa Vista, onde participamos da primeira batalha de rima oficial”, conta o sete-lagoano Kilha, de 24 anos, e um dos principais nomes do movimento. 

A brincadeira acabou se transmutando em uma ideologia cada vez mais forte e seleta, com a Akat Zone com objetivos definidos: viver da arte, encontrar pessoas com personalidade marcante e com a mesma ideologia de que "unidos somos mais fortes". “Hoje a Akat Zone é uma organização, artística e filantrópica. Buscamos pessoas que veem mais sentido na arte do que ganhar dinheiro em si. Quem conhece nossa intenção e compartilham da mesma ideologia acabam se aproximando e naturalmente se sentem engajadas no movimento”, completa Kilha. Confira entrevista:

Sete Dias - Que música trazem e o que querem mostrar?
Kilha - Nosso carro-chefe são os duelos de rimas, mas nossa visão é fugir do padrão de batalha de rimas atual. Não estimulamos a competitividade entre os participantes, não queremos pessoas se ofendendo através das rimas, em nossas batalhas a intenção é debater de forma inteligente qualquer assunto sugerido, sem ofensas, sem palavrões e mostrando o lado mais relevante e importante dessas batalhas, que é a liberdade de expressão. Contamos com muitas atrações que já se apresentaram em nossas rodas culturais, assim como apresentações de teatro, de dança, exposição de quadros, sarau de poesia e apresentações de músicas autorais. Contamos também com o projeto Biblioteca Móvel, onde arrecadamos mais de 100 exemplares de livros incentivando a leitura de nosso público. A parte filantrópica conseguimos praticá-la através de doações, seja de agasalhos ou alimentos, ou convencendo jovens que estão em meio a criminalidade que o hiphop pode salvar vidas.

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Kilha, um dos precursores do movimento


Sete Dias - O trabalho então se restringe somente a música?
Kilha  
- Não. Desenvolvemos projetos como o Side Poesias, onde reunimos oito escritores autorais e oito ilustradores. Dessa junção um livro de poesias ilustradas será lançado em pouco tempo estará disponível para venda. Em toda quinta-feira temos o grupo de estudo, dedicamos uma hora para debater assuntos seja qual for: de política a metafísica. Praticamos 10 minutos de meditação usando técnicas de relaxamento e respiração. Mas diversos projetos estão por vir e para dar continuidade precisamos de apoio, já que não temos nenhum, tudo tem saído de nosso bolso, o que acaba limitando nossas intenções.

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Grupo tem marca e personalidade

Sete Dias - Que tipo de apoio precisam para difundir o movimento e arte por ele gerada?
Kilha
- A princípio a Akat Zone era apenas uma organização. Mas começamos a observá-la com uma visão empresarial e procuramos meio de gerar renda através de nossa ideia, seja através de vendas de produtos como adesivos, copos, camisetas, dentre outros. Assim podemos ao menos não nos sufocar em meio aos gastos que são necessários para que todos os projetos tenham continuidade. No momento, que mais precisamos é de apoio, principalmente da Prefeitura, para liberação de alvará, equipamentos de som, palco e iluminação para fazermos eventos cada vez mais profissionais. Infelizmente, nas eleições de 2018 dois partidos políticos começaram a nos apoiar, prometendo dar estabilidade e atenção à nossa cultura com a intenção descarada de ganhar votos. Assim que as eleições acabaram nunca nos deram o devido valor, utilizaram de nossa roda cultural pra se auto promover. Até a vereadora Carol Canabrava pegou o microfone e fez uma rima na hora...seria cômico se não fosse trágico.

Sete Dias - Onde ver, conhecer, participar e assistir?
Kilha
- Nossas rodas culturais são todas as sextas-feiras na Feirinha central, às 19h30. E nas terças-feiras ocorre a Batalha da Catarina (organizada por Pecado e Mentira), na quadra do bairro. Mais informações através do Instagram @akat_zone. Respondemos todos os directs e esclarecemos dúvidas.

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