Toque bem a sua harpa

As vezes nos são dadas exatamente as oportunidades que queremos. Em outras, nos é dado um golpe de sorte, mas nós o sentimos como um fardo.” Holiday Ryan: Diário estoico.pag394.ed. RJ:Intrínseca) 
Davi é considerado o maior rei que já governou Israel, que por conseguinte ainda continua sendo umas das mais formidáveis e desenvolvidas nações do mundo.
Apesar da visão poética atribuída ao “homem segundo o coração de Deus”, historicamente foi ele quem conseguiu unificar as esparsas 12 tribos, consolidar Israel como Estado e reconquistar Jerusalém como capital, após séculos ocupada por inimigos. 
Atos épicos para uma nação pautada em preceitos religiosos.  
Também estão incluído nos seus feitos inúmeras vitorias em guerras, o que resultou na expansão territorial de Israel e a criação do exército até hoje reconhecido dentre os melhores e mais estratégicos no campo militar.
Contudo, antes disso Davi começou sua trajetória como pastor de ovelhas, profissão da baixa estirpe israelita. Nos momentos de descanso, com maestria, dedilhava sua harpa, instrumento que lhe abriu as portas para o reinado: 
17E Saul respondeu aos que o serviam: "Encontrem alguém que toque bem e tragam-no até aqui".18Um dos oficiais respondeu: "Conheço um filho de Jessé, de Belém, que sabe tocar harpa. É um guerreiro valente, sabe falar bem, tem boa aparência e o Senhor está com ele".19Então Saul mandou mensageiros a Jessé com a seguinte mensagem: "Envie-me seu filho Davi, que cuida das ovelhas".20Jessé apanhou um jumento e o carregou de pães, uma vasilha de couro cheia de vinho e um cabrito e os enviou a Saul por meio de Davi, seu filho.21Davi apresentou-se a Saul e passou a trabalhar para ele. Saul gostou muito dele, e Davi tornou-se seu escudeiro. (1 Samuel16:17-21)

Maestria: esse era o grande atributo de Davi. Tudo que fazia era com dedicação e comprometimento.

Por isso ele era conhecido: primeiro como um excelente pastor de ovelhas, depois como exímio tocador de harpa, um leal escudeiro, grande líder militar e maravilhoso poeta, escritor dos Salmos.
Não era as coisas que Davi fazia, mas como ele as fazia. Apregoava zelo a tudo que se submetia a faze, por mais insignificantes que parecessem. O valor estava nele, não nos ofícios.
Provavelmente você conhece a história do camelô que de tão carismático virou locutor de rádio, antes de criar o SBT e se tornar um dos maiores empresários e comunicadores do país.  
Mas talvez não conheça o frentista Cézar Donizete Chaves, atual presidente do Grupo Zema. Sim, ele era frentista em um dos primeiros postos de combustível da empresa. Por suas qualidades e após longa progressão de cargos, atualmente dirige um conglomerado que possui mais de 800 estabelecimentos distribuídos por dez estados do Brasil e fatura de R$ 3 bilhões por ano.
E o jovem imigrante que vendia roupas de cama de porta em porta? Quando alguém não podia pagar, ele parcelava a dívida pois não poderia se dar ao luxo de perder vendas. Com essa linha de crédito, anos mais tarde o vendedor criaria a empresa que hoje atua em 17 estados, empregando mais de 57.000 funcionários. Seu nome? Samuel Klein, fundador das Casas Bahia.
O quem tem Davi, Silvio Santos, Cézar Donizete, Samuel Klein e tantos outros improváveis que alcançaram êxitos formidáveis? 
Eles não se importavam com o que faziam, mas sim em como faziam. A cada atribuição assumida, encaravam como oportunidades de galgar para um estágio superior, não pelo dinheiro, mas pelo valor que tinham.
Um camelô, um frentista e um vendedor que sabiam onde queriam chegar, valorizando cada etapa da estrada percorrida, para que de tão bem feito, não coubessem mais ali e fossem jogados para frente.
Ou quem sabe, apenas um despretensioso harpista, que tocava muito bem o seu instrumento...as suas ovelhas e o que mais a vida colocasse no seu caminho.
 

Amauri da Matta