NOSSA GENTE: Fabiana Frederighi Fonseca

“Conhecemos Sete Lagoas e, ao chegar à Lagoa Paulino, em pleno verão, na hora nos encantamos e fixamos residência”

03/05/22 - 12:47

Fabiana é Comendadora de História, Acadêmica da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa, Pedagoga, Professora, Escritora e mentora de projetos literários e de dança. Fotos: arquivo pessoal
Fabiana é Comendadora de História, Acadêmica da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa, Pedagoga, Professora, Escritora e mentora de projetos literários e de dança. Fotos: arquivo pessoal

Por Roberta Lanza

Conheça a história da Comendadora de História, Acadêmica da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa, Pedagoga, Professora, Escritora e mentora de projetos literários e de dança, Fabiana Frederighi Fonseca. Ela nasceu no Rio de Janeiro e há 26 anos teve seu primeiro encontro com Sete Lagoas, firmou raízes, desenvolveu projetos de grande relevância para a cidade e, por tudo isso, já é considerada Nossa Gente.
“O falecimento precoce do meu pai em um assalto, nos fez ter medo de ficar no Rio de Janeiro, e minha mãe com três filhos, resolveu na hora se mudar. Conhecemos Sete Lagoas e ao chegar na Lagoa Paulino em pleno verão... calor, vários barzinhos na orla, e água ... muita água... Na hora nos encantamos e fixamos residência!”, contou.

Qual seu nome completo, idade e família? 
Fabiana Frederighi Fonseca. Sou solteira e mãe de três filhos: Fernando, de 24 anos, Leonardo, de 19 anos (ambos já moram sozinhos e independentes) e o caçula do segundo casamento, Cauã, de 12 anos.


Onde nasceu e quais suas principais lembranças de infância/juventude?
Nasci no Rio de Janeiro e as maiores lembranças que tenho são culturais. Filha de pai Militar do Exército, mas que gostaria de ser ator, e de uma mãe que também seguia a mesma vertente, cresci na antiga Rede Tupi, com minha mãe fazendo testes para TV. Na infância eu frequentava os bastidores de “Os Trapalhões”, conheci muitos artistas e, entre eles, de novelas e de entretenimento, como o próprio Renato Aragão e, veja só, o Zacarias. A vida já indicava Sete Lagoas, mas eu não sabia disso. E assim cresci entre coxias de teatros e programas de palco. Na juventude morei em frente ao barracão da Escola de Samba Tradição. Mas a vida não foi apenas esse glamour.

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Quando foi seu encontro com Sete Lagoas e por quê?
Meu pai faleceu no auge de uma vida ativa para ele, que era Militar Paraquedista, que tinha a adrenalina como motivação nos esportes, e inclusive ele teve uma academia de Caratê, onde era o faixa preta e professor. E foi nessa academia que comecei a dar aulas de dança. Mas, como mencionei, o falecimento precoce dele em um assalto, nos fez ter medo de ficar no Rio de Janeiro, e minha mãe com três filhos, e dois pequenos, resolveu na hora se mudar. Eu era recém-casada e, para não ficar longe deles, incentivei meu marido na época a se mudar também. E aí ficamos em dúvida entre duas belas cidades onde temos parentes até hoje: Poços de Caldas e Sete Lagoas. E assim, resolvemos visitar as duas, com um olhar de futuros cidadãos, e não como turistas. E ao chegar na Lagoa Paulino em pleno verão... calor, vários barzinhos que tinham na orla, e água ... muita água... Na hora nos encantamos! No início sempre é difícil, pois a troca de uma metrópole por uma cidade que há 26 anos atrás era muito menos potente do que hoje, era naturalmente uma abrupta diferença. Mas logo nos adaptamos à vida tranquila e tivemos sorte. Aliás, sempre tivemos muita sorte em Sete Lagoas, como se aqui realmente fosse o nosso lugar. Meus filhos são sete-lagoanos! Posso até visitar vários lugares, mas aqui agora é minha casa! Sempre volto!

Qual a sua profissão, o que motivou a escolhe-la e qual sua trajetória profissional?
Sou Comendadora de História, Académica da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa, Pedagoga, Professora, Escritora e mentora de projetos literários e de dança. O trabalho aos 18 anos me levou a um emprego no Aeroporto Santos Dumond, e então a vida me levou a ter contato com pessoas interessantes e com a arte. Foi aí, nesse momento e lugar, que um curador mudou meu olhar para as artes. Passei então a ser assídua em todas as exposições artísticas, e hoje, o que eu puder fazer para assim incentivar, o farei.
A arte e a cultura agregam minha visão e ampliam as possibilidades de levar várias pessoas juntos comigo em projetos. Um deles é um livro especial escrito por diversos autores que nasceu um pouco antes do início da pandemia e, durante esses dois anos conseguiu, mesmo com toda a problemática da doença e poucos recursos das pessoas no momento de crise e incertezas da Covid-19, ter um crescimento fabuloso.  E foram no total de 42 novos autores e 42 novos livros em um só, todos de Sete Lagoas. 
Também lancei cinco livros nesses dois anos de pandemia: "Rosas com Espinhos", "Dança do Ventre - Minha História", "Compêndio Poético do Alferes - Joaquim José da Silva Xavier", "Madrepérola" e "Nem Rei, nem Príncipe e nem Sapo...vá ser feliz!"

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Como é sua relação com a cidade, concilia trabalho e a aproveita com seus atrativos?
Eu sou relativamente conhecida e tenho bons amigos. Aproveito os lugares na cidade com um olhar de deslumbrada até hoje. Tem dias que as lagoas estão divinas. A serra, incrível. A Gruta é o lugar preferido de ir...só chegar um parente que tenho que levar. Mas, o motivo é só para voltar. As bandas de Sete Lagoas são incríveis, ou seja, Sete Lagoas brota arte. Tem para todos os gostos e turnos. Passeios diurnos e noturnos. 
Tenho uma boa abertura nas redes de comunicação e tenho realmente uma boa comunicação. Isso hoje é um privilégio em um mundo cada vez mais conectado. E a cada oportunidade, como essa que o jornal SETE DIAS me dá, eu aproveito como uma possibilidade de "voz".  Só tenho a agradecer.

Qual lugar que mais gosta na cidade? Por quê?
Lagoa da Boa Vista, mas digo a lagoa mesmo. É uma delícia ficar olhando a água, o pôr do sol que reflete no espelho d'água. Tenho saudades da plataforma de madeira. Tenho belas fotos quando existia. Ali levei meus filhos desde pequenos e suas bikes, depois skates e o basquete. Então, com os filhos crescendo e indo para o mundo, ir à Lagoa da Boa Vista me remete a meus filhos e minha família. Os piqueniques que fizemos, as lamas das bicicletas, os joelhos ralados das brincadeiras e muitos "empurrões" nos balanços que eu tinha que ficar horas, mas que hoje tenho saudades!
 
O que você acha que Sete Lagoas mais precisa e por quê?
Bem, como sou uma historiadora totalmente apolítica, não vou comentar nada que remeta à vida social urbana de Sete Lagoas, mas a histórica! É impressionante a resistência de aceitar que estamos em um berço histórico quando NÃO falamos de Tiradentes como Comandante do Sertão. Essa é a missão que o saudoso jornalista e historiador Márcio Vicente me deu! Quando a cidade entender que resgatar e apoiar essa história, poderemos até melhorar a parte turística de Sete Lagoas. Afinal, foi aqui o único lugar que teve o Alferes como comandante. E ficou com seu registro por um ano e três meses. Tendo a missão de colocar o recolhimento das taxas e a abertura de uma nova Estrada Eeal por aqui. Eu, particularmente, tenho provas dessa estrada até Curvelo. Mas, para Paracatu, como foi pedido em carta, pela Rainha de Portugal, ainda falta muito. Mas aqui em Sete Lagoas  já temos os pontos. E poderíamos aproveitar esses pontos comercialmente e turisticamente. Um dia ... quem sabe a sociedade valorize. E defendo a população, quando mencionam que o povo daqui não valoriza! Mas, quem não conhece, nem pode ter a opção de valorizar! Então se eu for mencionar o que Sete Lagoas precisa, diria: "Conheça a sua cidade, sua história". Precisamos de mais apoios históricos.


 

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