8ª Temporada de Teatro de Sete Lagoas encerra nesse fim de semana com Céu Constelado

Espetáculo foi aclamado pela crítica, na pessoa de Cláudio Diniz, historiador, professor e doutor em História

08/06/22 - 18:23

O espetáculo Céu Constelado
O espetáculo Céu Constelado

A 8ª Temporada de Teatro de Sete Lagoas encerra neste sábado (11) com Céu Constelado, realizado na Feirinha da Lagoa Paulino, gratuitamente, às 20 horas.  O espetáculo é um trabalho sobre o amor e sobre as guerras, externas e internas, que se vale do encontro de várias artes: teatro, dança, música ao vivo, para trazer ensinamentos de nossos ancestrais, povos originários que recomendam aquietar nossos rios internos e escutar com o coração.

 


O roteiro foi escrito e dirigido por João Valadares, em colaboração com a equipe, e tem como pano de fundo a formação do povo brasileiro, vista pela ótica dos vencidos, recontando uma história ao mesmo tempo real e ficcional.  Fruto de um rico trabalho de investigação de estados cênicos a partir das máscaras, a peça abre caminhos para criar repertórios de imagens coletivas que deixam margem para diferentes interpretações.


As aparições míticas compostas pelos atores vieram à tona através dos mascaramentos criados pelos próprios atores através do Workshop de criação com materiais reciclados com Rogério Alves, ator de alguns espetáculos do grupo. 
O elenco é diverso, com diferentes níveis de formação artística, e traz implícito a importância da Escola Livre de Artes de Sete Lagoas e do Centro Cultural Nacional – Teatro Preqaria, como redutos na arte de formar e aglutinar pessoas em torno da arte. 


Céu Constelado foi bastante aclamado pela crítica. O historiador, professor e doutor em História Cláudio Diniz deixou registrada as suas impressões do espetáculo:

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“A Preqária viaja pela memória
Cláudio Diniz historiador, professor doutor em História

A nova produção da Preqária Cia de Teatro, Céu Constelado, é uma verdadeira viagem pela memória das mulheres e homens que construíram o Brasil. Contudo, não esperem que esses homens sejam reis, generais ou VIPs. Céu Constelado é uma narrativa focada no olhar dos esquecidos e silenciados na história.
Durante muito tempo a história das sociedades e dos homens foi contada pelos vencedores. A história dos vencidos não era narrada porque não interessava aos grupos hegemônicos e aos donos do poder. A história dos povos que formaram o Brasil é uma dessas memórias que tantos quiseram apagar. A imagem do negro e do indígena associada à marginalidade, ao crime e à preguiça remonta às justificativas ideológicas para o sequestro e escravização dos africanos e ao genocídio dos povos originários no Brasil.
Céu Constelado narra a odisseia do povo negro na perspectiva dos viajantes do espaço e do tempo. Daqueles que se interessam em ver o mundo a partir do olhar do outro. As viagens nos fascinam desde sempre e não à toa sempre serviram de matéria-prima para a literatura de alguns dos maiores escritores do mundo: de Marco Polo a Homero, Ibn Khaldun, Júlio Verne, García Márquez, Hemingway, Goethe e Brecht, entre tantos outros.
João Valadares, que assina o roteiro e a direção do espetáculo, apresenta o tema na ótica de um viajante da memória.  Quer dizer, um olhar lançado para aqueles que foram silenciados por tantos séculos. O lugar de fala, portanto, é importante na construção da peça. Desde os textos que remetem a tantos contextos até a belíssima trilha sonora conduzida por músicos de alto nível, o novo espetáculo da Preqária é uma busca de compreensão e afirmação. Primeiro porque o diretor preocupa-se em respeitar a voz ancestral que ecoa inevitavelmente em seu texto. Depois, porque a ideia da peça é ouvir de modo afirmativo as vozes que reverberam nos tempos clamando pela afirmação das identidades e da diversidade. 
Em Céu Constelado, a companhia recorre a diversas áreas de conhecimento, como a história, a antropologia e à ficção. Isso dá ao espetáculo um caráter único, que agrega relatos sobre costumes, crenças, questões políticas e qualquer outro aspecto que tenha chamado a atenção do escritor nos destinos visitados pelo seu imaginário. 
Céu Constelado tira-nos do lugar comum, do jargão, de um mundo fechado, e abre para todos as possibilidades de um universo infinito. A peça é uma verdadeira homenagem a Clio, a musa da história. Mais uma vez a Preqária Cia. de Teatro acerta em temática e realização.”

 


Fez parte do processo de criação de Céu Constelado os workshops de Dança Afro - com Marcos Miranda, Hip-hop - com Lorenzo Kaverna, Musicalização - com Rogério Pardal, de Máscaras - com João Valadares, de Preparação Vocal e Canto - com Mestre Sauva, e Expressão Vocal e Ritmo - com Raquel Coutinho.


A 8ª Temporada de Teatro tem patrocínio da Cimento Nacional através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e conta com o apoio da CBB Contabilidade, Gellak Sorvetes, JCL Engenharia e Panificadora Galdina.

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FICHA TÉCNICA:

Direção e Dramaturgia: João Valadares
Em cena: Anna Oliveira, Augusto Malk, Débora Campelo, Edvan Menezes, Ethiene Lelis,  Fábio Damasceno, Felipe Gontijo, Guilherme Reis, Iasmin Duarte, Ilza Gonçalves, João Carvalho, Julia Campos, Julia  Karoline, Letícia Cley, Lucélia Benvinda, Luíza Alvarenga, Manuella Nunes, Mariana Surian, Marta Soares Matheus Carvalho, Musse Hastens, Nathan Brits, Olívia Mara, Pedro Dumont, Ranielle Flor, Renato da Glória, Sirlene Marques, Sheila Oliveira, Stéfany Lorraine, Vitor Tadeu.
Percussão: Bruno Batista, Marquinos Assis, Mestre Sauva e Lorenzo Caverna.
Coro: Amanda Paiva, Ana Clara Alencar, Valéria Moreira, Thais Azevedo, Ana Lívia, Cintia Mara.
Musicalização e Contrabaixo: Rogério Pardal
Violão: Mateus Cotosck
Flauta: Renato da Glória 
Dramaturgista: Claudio Diniz
Preparação vocal: Mestre Sauva
Preparação corporal: Lorenzo Kaverna
Coreografia, Dança Afro e preparação corporal: Marcos Miranda 
Expressão vocal e ritmo: Raquel Coutinho
Workshop de Máscaras em Material Reciclável: Rogério Alves
Figurino: Anna Oliveira e Ilza Gonçalves.
Costureira: Ilda Gonçalves.
Designer gráfico: Felipe Gontijo
Assessoria de Imprensa: Izabela Oliveira
Produção: Anna Oliveira, Felipe Gontijo e João Valadares.
Realização: Preqaria Cia de Teatro

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