Por Élida Gontijo
Crônicas
Uma flor
Élida Gontijo
Uma flor caiu do vaso , veio parar na minha mesa, enfeitou diversas manhãs do meu viver. Lá do vaso sorria pra mim todos os dias, me ensinando a viver o momento . Sempre linda, cheia de cores, balançava ao sabor do vento, sua haste me dava a impressão de fragilidade, tinha medo que se quebrasse quando o vento tocava-lhe as pétalas , mas ela sem medo movimentava pra cá e pra lá.Ela viveu cada momento, soube atravessar o tempo sem medo do relógio, não se preocupou com o envelhecer, murchar, mais dia, menos dia, isso chegaria. Durou dias de incrível beleza, encantamento, mas o tempo passou , chegou o momento de deixar outras desabrocharem, seguirem o ciclo da vida. Perdeu um pouco da cor, deixou-se desapegar de sua estrutura, despediu-se das irmãs e voou , fechou-se o ciclo, veio parar na minha mesa para trazer um pouco de alegria ao meu trabalho em casa. Peguei-a com todo cuidado e carinho, senti que gostou do toque, não pediu nada, apenas permaneceu próxima .
Ficou ali alguns dias , muito delicada, suave, sábia, me ensinando com o seu silêncio, depois se encolheu, diminuiu e deu-me seu adeus. Partiu minha flor, no vaso outras desabrocham, preparo meu coração para receber outra companheira ou melhor, amiga, segue a vida , o tempo, a poesia se faz presente preenchendo o vazio que acontece no meu coração , na minha cidade, no meu país. . Que venham mais flores!
Abril de 2021.
Élida Gontijo
Élida Gontijo
