Coluna Espírita

Crer, sim, mas estudar, experimentar e agir

04/07/21 - 11:48

Por Aloísio Vander

Aloísio Vander

A fé é uma das potências inatas da alma. Sua origem está na ancestralidade das experiências místicas, através das incontáveis reencarnações. Essas experiências tiveram seus primórdios, na Terra, na civilização paleolítica, há aproximadamente 300.000 anos, quando ainda ensaiávamos os primeiros passos na organização da fé, através do Totemismo, segundo se depreende dos estudos de John F. McLennan e Émile Durkheim. Por isso, podemos dizer que a fé está extratificada nas camadas do nosso inconsciente.

Assim, a fé em Deus, na Sua providência, no controle absoluto que Ele exerce sobre todos os acontecimentos são construções que têm sua gênese há centenas de milhares de anos.

Mas esta fé inata necessita ser burilada através de estudo, investigação e, sobretudo, através de vivências para se tornar racional. A fé racional é sustentada por dois pilares: o sentimento e a razão. O sentimento se firma nas nossas vivências e a razão na lógica de seus fundamentos teórico.

Os cristãos, por exemplo, têm fé nas palavras de Jesus, quando ele diz: “Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem”. Mas essa fé só será racional e inabalável se refletir sobre como se deve amar os inimigos e, em seguida, vivenciar tal ensinamento. Se o discípulo ficar só no campo teórico, jamais experimentará na própria alma o sentimento ardente de filiação divina.

Nessa perspectiva, compreendemos a fé de um Albert Schweitzer ou de uma Madre Teresa. Ambos abandonaram o conforto de seus lares, o carinho de seus familiares para distribuir amor e esperança aos sofredores. E os dois constataram que, em meio às experiências das privações de toda ordem, a fé se robustece. Essa foi a razão de Jesus, Francisco de Assis, Buda e outros terem recusado as facilidades materiais, que muitas vezes distraem a alma e a desviam de seus mais santos deveres.

Crer, sim, mas estudar, experimentar e agir para poder sentir no coração. E duvidar não é “pecado”, desde que a dúvida seja sincera e não por espírito de sistema ou por zombaria.

E os de fé bruxuleante, que somos muitos, iniciemos o nosso esforço por meditar e experimentar as profundas palavras do Mestre dos Mestres: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele”.

Aloísio Vander