O juiz, a liberdade, a comissão de justiça e mais de 2000 mortos

14/03/21 - 08:17

Por Padre Evandro Bastos

Padre Evandro Bastos

Queria ecrever mais focado neste espaço cristão católico. Infelizmente, hoje não consigo focar! As chamadas são diversificadas e os apelos múltiplos. A dor das famílias que não podem velar seus entes queridos grita na minha alma. Não poder abraçar e visitar as pessoas em um momento de solidariedade e comunhão, partilha e sonhos, trancados em casa, deixa minhas noites vazias. A ameaça de fechamento total me causa tristeza e medo.

Tenho medo de quê? Fico pensando que tenho medo dos tribunais da vida: tão injustos e interesseiros. A história do homem que ficou preso político, e depois de constatada as parcialidades do seu julgamento ainda vive sobre ameaças, me assusta! A liberdade condicionada pela última voz de alguém que em nome da “justiça” é capaz de tamanha falsidade, é assustador! Pior que todos os fantasmas da minha infância é pensar um monstro no poder de decisão em um montado julgamento.

Medo da deputada violenta à frente da comissão de justiça. Como pode? O quadro de fundo da sala conta a história de um homem que foi condenado e enforcado num dos capítulos mas imperativos da nossa história. Ela está de costas para o quadro! Pode fazer a mesma coisa: levar à forca o povo pobre e massacrado por injustiças políticas.

Medo da falta de políticas públicas que tem revelado com toda força um projeto genocida com mais de 2000 irmãos brasileiros mortos em 24 horas. Não é só o vírus! É falta de planejamento em defesa da vida com vacinas para todas e todos, com dedicação pela dignidade do atendimento em saúde pública de qualidade, e projetos de respeito e valorização dos profissionais que estão à frente neste campo de guerra.

Tenho medo de não amar e não ser amado! Acredito que esse é o pior dos meus medos. Sei do amor de Deus, e confio Nele. Choro não poder ajudar os irmãos e irmãs que estão sofrendo tanto nesses tempos de dor. Sinto que mesmo enviando Seu Filho ao mundo, com todo Seu Amor, ainda existem muitos que preferem as trevas, e isso é rejeição ao Amor. Só me resta, então, acolher e aceitar meus medos, fazer deles as molas propulsoras de novos passos e seguir caminhando. Tenho certeza: O Ressuscitado caminha conosco!