Sete Dias Indica

O Homem do Norte - Uma releitura brutal de Hamlet

O filme pode ser visto na Amazon Prime

22/07/22 - 10:09

Roteiro e direção são de Robert Eggers, de A Bruxa e O Farol.
Roteiro e direção são de Robert Eggers, de A Bruxa e O Farol.

Por Sétima Arte

imagemWellberty Hollyvier D’Beckher
Formado em artes cênicas pela UFMG, pela faculdade do Rio de Janeiro em crítica e análise de filmes, além de cinéfilo desde os 10 anos de idade.

Com traços de das histórias clássicas, da lenda Viking de Amelth e Hamlet de Shakespeare, o Homem do Norte narra uma história de vingança e insanidade de príncipe. Sua jornada se dá no ano de 914dc, no apogeu da Landnamsold (época em que os Vikings buscavam a ampliação de seus domínios), o príncipe Amleth (Oscar Novak) prestes a atingir a maioridade, e assumir o trono de seu pai o rei Horvendill (Ethan Hawke), mas por uma guinada do destino o rei acaba sendo brutalmente assassinado na frente do filho em uma emboscada. Ele consegue escapar e jura um dia vingar seu pai.

Amleth descobre que seu tio é o culpado pela morte do seu pai, que ainda sequestra sua mãe a rainha Gudrún (Nicole Kidman). 20 anos se passam e Amleth (Alexander Skarsgard) é agora um Viking que saqueia aldeias eslavas. Um dia cruza em seu caminho uma vidente que diz, ao agora guerreiro, que é chegada a hora de sua vingança, matar o tio, honrar o pai e salvar sua mãe. Ele então parte em uma epopeia em busca do tio e consegue chegar as terras do vilão como escravo.

Com roteiro e direção do ótimo Robert Eggers, (A Bruxa e O Farol) o diretor aqui deixa de lado o terror, gênero que o consagrou, a faz seu projeto mais ousado, um filme de ação e aventura. Mas se dá muito bem, o filme é violento na medida, tudo é bem dosado, nada parece fora de contexto, a reconstituição de época é um primor, as paisagens lindas, a trilha sonora econômica e pontual, é um deleite. O diretor de fotografia Jarin Blaschke, parceiro de longa data do diretor, faz aqui seu melhor trabalho. A cena da luta final, em meios as lavas e fumaça de uma explosão vulcânica, é brilhante.

Mas um bom visual, e uma técnica bem executada, não garantem um bom resultado final. Junto a tudo isso, é necessário um bom roteiro, uma direção segura e inspirada e um bom elenco, com atuações convincentes... O Homem do Norte tem tudo isso. Na sua jornada Amleth acaba se apaixonando pela escrava Olga (Anya Taylor-Joy), que também tem sua própria história dentro do filme, ela é mais do que uma coadjuvante, é peça chave dentro da obra, que ainda conta no elenco com a participação de Willian Dafoe interpretando uma espécie de xamã, personagem fundamental para Amleth.

A primeira vista estranhei Nicole Kidman continuar a interpretar a mãe de Amleth depois dele adulto. Se passaram vinte anos, o normal seria escalação de uma atriz mais velha, mas no entanto, narrativamente, a permanência da atriz é fundamental dentro do proposto pelo filme, quando o ex príncipe e agora escravo, reencontra sua mãe e seus desdobramentos resultantes disso, não teriam o mesmo impacto com outra atriz.

O embate entre sobrinho e tio se dá aos poucos, ele é construído através de ações de Amleth que visam desestabilizar o tio, quando ele consegue a posse de uma lendária espada, sua vingança começa a tomar forma. Ele até tenta em determinado momento deixar tudo para traz e ser feliz ao lado de Olga, mas o desejo de vingança que corre pelas sua veias é mais forte, ele só ira encontrar a paz se vingando do tio. Muito sangue rola, boas cenas lutas, dramas, tudo isso muito bem trabalhado pelo diretor, o filme é longo, quase duas horas e vinte minutos, mas o tempo parece voar, você em momento algum se sente entediado. Ao contrário, este épico sempre nos faz querer mais, e quando ele acaba fica a boa sensação de ter investido o tempo em algo relevante.

O filme pode ser visto na Amazon Prime, nota 9,5/10

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