Sete Lagoas acolhe refugiados venezuelanos

Contra crise humanitária, solidariedade

18/06/21 - 12:40

O empresário José Roberto e presidente da ACI com o venezuelano e funcionário Randy Rojas, 44 anos, que tem 20 parentes morando em Sete Lagoas, todos empregados.
O empresário José Roberto e presidente da ACI com o venezuelano e funcionário Randy Rojas, 44 anos, que tem 20 parentes morando em Sete Lagoas, todos empregados. "Sete Lagoas nos acolheu e somos gratos", afirmou.

Celso Martinelli

De acordo com o governo federal, todos os dias, cerca de 250 venezuelanos buscam exílio no Brasil. Em março deste ano, o fluxo migratório se intensificou e, de acordo com a Polícia Federal, chegou a mil pessoas/dia.  Trata-se do maior fluxo, por meio de fronteiras terrestres, já recebido pelo país. São dezenas de milhares de pessoas que fugiram do regime de Maduro. E Sete Lagoas também vem sendo o destino de dezenas de imigrantes que buscam um futuro melhor e, quem sabe, uma nova vida.

É o caso de Randy Rojas, 44 anos, casado, dois filhos e há quase dois anos morando em Sete Lagoas, no bairro Jardim Arizona. Grato à cidade e a quem o acolheu, ele chegou ao país através da Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias, onde conheceu José Roberto Silva, proprietário da Sete Lagos Transportes e atual presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI), em uma celebração na cidade. Começava aí uma vida nova para Randy e familiares.

“Fazíamos queijo na Venezuela, mas o governo contingenciou toda nossa produção e fixou preços, de acordo com a vontade deles, para atender o exército e outros órgãos. Tivemos que fechar o negócio. Vivíamos lá com um salário mínimo de US$ 5 dólares mensais. Peregrinamos pelo Peru e Equador, até que chegamos a Sete Lagoas. Após conhecer o senhor José Roberto fiquei quatro meses na Sete Lagoas Transportes até ser contratado definitivamente”, relembrou.

Passado algum tempo, Randy Rojas conseguiu trazer a maior parte de sua família: hoje são cerca de 20, entre irmãos, sobrinhos e cunhados, todos empregados. “A luta é diária para levarmos comida para casa. Meus familiares estão na indústria, em oficinas mecânicas, na Igreja e as mulheres como diaristas. Minha esposa trabalha no Supermercado Santo Antônio e as crianças ficam com outros parentes adultos. Não queremos voltar, mas esperamos que a situação melhore na Venezuela, porque tudo se agravou demais com a pandemia”, contou.

Falando fluentemente o português, Randy fez amigos e curte a cidade com a família. Os seus locais preferidos são Serra de Santa Helena e as lagoas Boa Vista e Paulino. Torcedor do Sulia F. C. (de sua cidade natal, La Villa el Rosário), no Brasil o venezuelano torce para o Cruzeiro. “Me sinto parte de uma família na empresa, comemoram nosso aniversário com bolo. No Brasil, e em Sete Lagoas, não fomos deixados de lado, fomos acolhidos”, comemorou Rojas. 

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Randy Rojas e família: adaptados em Sete Lagoas e com o dia a dia da cidade
Sobre os venezuelanos vistos como pedintes nos semáforos de Sete Lagoas, Randy afirmou tratar-se de indígenas que moram em cidades. “Eles têm dialeto próprio e normalmente só conversam entre eles. É um povo carente. Com a pandemia, estão migrando muito em busca da sobrevivência. Para alguns está difícil, mas para outros está mais ainda. Obrigado Sete Lagoas”, finalizou.

O empresário e “padrinho” do venezuelano, José Roberto Silva, lembrou Kofi Annan, ex-Secretário-geral das Nações Unidas, para resumir o seu gesto de solidariedade ao dar oportunidade ao imigrante. " Podemos ter diferentes religiões, diferentes idiomas, diferentes cores de pele, mas todos pertencemos a mesma raça humana”, citou.

Secretaria de Assistência Social oferece acolhimento

Conforme assessoria de imprensa da Prefeitura de Sete Lagoas, na semana passada foram realizadas diversas abordagens em pontos estratégicos com os imigrantes venezuelanos.

“Foram ofertados aos venezuelanos os serviços de Assistência Social tais como: referenciamento e acolhimento nos equipamentos responsáveis. Porém neste primeiro momento, não aderiram tais serviços. Por outro lado, desde 2020 o CRAS recebeu o encaminhamento de algumas outras famílias venezuelanas, no qual foram cadastradas e referenciadas nos equipamentos, sendo atendidas pela unidade de referencia ao seu endereço cadastrado”, informou na nota.

Conforme a Secretaria de Assistência Social, foi realizada ainda intervenção pelo Conselho Tutelar, ocasião na qual os venezuelanos foram orientados, sobre a proibição do trabalho infantil com as crianças.

Quem são os indígenas da Venezuela que estão na cidade?

CLIQUE AQUI e saiba mais no artigo da jornalista Márcia Raposo
(Respeitem os Warao - Quem são os indígenas venezuelanos que estão em Sete Lagoas)

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