Douglas Melo pede responsabilidade política

17/01/22 - 09:38

O deputado Douglas Melo mantém gabinete na orla da lagoa Boa Vista para atendimentos
O deputado Douglas Melo mantém gabinete na orla da lagoa Boa Vista para atendimentos

Celso Martinelli

Em entrevista ao SETE DIAS, o deputado estadual Douglas Melo (MDB) falou sobre as eleições 2022, quando busca ser reeleito pela terceira vez. O político pede responsabilidade dos agentes políticos e partidários ao lançar candidaturas, com o risco de não eleger ninguém, seja para deputado estadual ou federal. “Só os votos de Sete Lagoas não elegem ninguém em caso de pulverização do eleitorado”, considera. Ele também falou que não existe briga com o prefeito Duílio de Castro. “Se ele fosse meu inimigo político eu não estaria destinando recursos para a Prefeitura, eu não estaria ajudando o governo. E pode ter certeza, sempre convidei Duílio para reuniões importantes no Estado”, completou. 

Qual avaliação faz da sua trajetória política, desde seu primeiro mandato como vereador e agora buscando o terceiro mandato como deputado? Você considera ter amadurecido nesse tempo?
Amadureci, sim. Posso dizer que aprendo coisas novas todos os dias. Acho que quando a gente faz um levantamento do nosso trabalho até aqui temos um saldo positivo: conseguimos trazer para Sete Lagoas conquistas que outros deputados ao longo dos anos não conseguiram, principalmente como deputado estadual, como a instalação dos comandos das polícias, por exemplo. Quando eu assumi, Sete Lagoas era considerada uma das mais violentas do estado, com a precariedade de viaturas e aparato policial. Conseguimos também instalar a 19ª  RISP. Nenhum deputado antes na história havia conseguido, éramos antes comandados por Curvelo. Consegui cobrir o terminal urbano, que era um anseio da população desde que ele foi construído, pois eram dois barracões que não ofereciam segurança alguma para os passageiros que lá esperavam a condução. Conseguimos aumentar a área de hemodiálise do Hospital Nossa Senhora das Graças, que foi uma obra de R$1,4 milhão. Construímos o quartel do bairro Nova Cidade e por duas vezes eu impedi que o Ministério da Saúde descredenciasse o tratamento de câncer da nossa cidade. Então, quando a gente faz uma retrospectiva, eu não tenho dúvidas ao afirmar que nosso mandato foi de quebra de paradigmas. Nós conseguimos para Sete Lagoas o que muitos disseram que era impossível, mas que era necessário. 

Muita gente pergunta ou questiona por quê o deputado Douglas Melo não conversa com o prefeito Duílio de Castro e vice-versa. A cidade não ganharia mais se tivesse um contato mais próximo?
Acho que tem muito essa imagem porque a gente disputou a eleição. Eu, como sou deputado de outra época da política, não faço parte daquela política que deve se fazer guerra durante quatro anos. Eu disputei a Prefeitura com Duílio, não saí vencedor, mas nem por isso eu devo abandonar a minha cidade. Pelo contrário, passou a eleição e eu não deixei de colocar recursos um dia sequer em Sete Lagoas. Só no ano passado destinamos R$ 600 mil, e esses recursos caíram direto para a Prefeitura. Então isso é uma imagem que foi passada, que eu e o Prefeito brigamos, o que não é verdade. Se ele fosse meu inimigo político eu não estaria destinando recursos para a Prefeitura, eu não estaria ajudando o governo. E pode ter certeza, sempre convidei Duílio para reuniões importantes no Estado. Posso dizer que da minha parte não existe guerra alguma e para esse ano já tenho mais recursos alocados para a Prefeitura da nossa cidade. Sete Lagoas não pode mais perder tempo com brigas políticas.

Desses R$600 mil que foram destinados somente no ano passado, foi tudo aplicado ou existe dinheiro parado? Você tem acompanhado se o prefeito tem destinado as emendas para a finalidade planejada?
Tenho uma parceria com o vereador Junior Souza (MDB) e então ele fiscaliza se os recursos que eu deixei são aplicados devidamente. Um dos recursos foi para a compra de uma ambulância de grande porte que, pelo que eu vi, a Prefeitura ainda não adquiriu. Também tem outros R$200 mil que foi para a área de custeio do município, e outro recurso foi para a área de oncologia do HNSG, espero que o Executivo faça o repasse pois, principalmente em tempos de Covid, os recursos estão muito difíceis. Há sete anos sou o deputado que mais destina recursos para Sete Lagoas, como nenhum outro deputado o faz, e não só aqui, mas também em todas as cidades vizinhas. 

Em relação à última eleição para prefeito, hoje você ainda tem aliados do grupo que o apoiou anteriormente, manteve algum, ou hoje o Douglas Melo é mais regional?
A eleição municipal de Sete Lagoas teve algumas peculiaridades, uma fase em que o eleitor estava com muito receio de mudar o prefeito que estava, e não só aqui, mas em toda Minas Gerais. Mesmo que eu tenha perdido alguns apoiadores naquela ocasião, hoje me sinto mais forte dentro da cidade porque eu tenho pessoas que reconhecem a importância do meu trabalho e pessoas que realmente levantam a nossa bandeira. Então eu consegui me fortalecer não só em Sete Lagoas, mas regionalmente também, e hoje eu tenho apoiadores que realmente querem o bem da cidade. 

Hoje você está presente em quantas cidades de Minas, seja enviando emendas ou mesmo participando do dia a dia?
Nós começamos o ano de 2021 com 20 cidades e durante o mesmo ano, abri mais 40 cidades. Estamos em 60 cidades e pretendemos chegar a mais 20 esse ano. Além de ganhar uma densidade de apoiadores mais forte, eu consigo fazer um trabalho mais amplo como deputado estadual. Minas tem 853 municípios, com 22 milhões de mineiros, então quanto mais cidades você puder ajudar, mais importante é para o povo do nosso estado. Hoje estamos em regiões que nunca imaginamos estar e isso serve muito para o amadurecimento, político porque você vai vendo problemas e soluções de outros municípios que ajudam na caminhada de parlamentar. 

Você cogita mudar de partido? Recebeu algum convite ou continuará no MD, que é uma sigla forte e pesada?  
Eu estou analisando essa questão. O senador Rodrigo Pacheco já me convidou para ir para o PSD, que ganhou uma força enorme. Acredito que nós estaremos seguros em qualquer partido, pois acredito que conseguimos uma reeleição em qualquer sigla que eu vá. Eu estou estudando isso bem de perto, um partido que possa realmente me fortalecer para que eu possa ainda mais ajudar a região. Mas ainda não tenho certeza se vou ficar no MDB.

Como é seu dia a dia em Sete Lagoas e região? Você ainda é o cara que vai às casas, além da sua penetração através do rádio?
Hoje é muito difícil eu ir às casas, pois faço programa na rádio Musirama todos os dias, de 8h às 11h; normalmente eu faço uma agenda no gabinete de Sete Lagoas e às 14h eu estou na Assembleia Legislativa. Saio de lá e vou visitar o interior. Chego em casa, às vezes, 2h e no outro dia vou para a rádio de novo. Mas sempre que eu posso eu visito as pessoas em Sete Lagoas, algumas que querem me conhecer porque me escutam na rádio, mas eu tento mostrar para as pessoas que essa é uma das diferenças de deputado e vereador. As pessoas sentem muita falta daquele Douglas que visitava os bairros, mas hoje tenho 60 municípios para visitar e mesmo que eu não vá aos bairros, meus assessores os visitam. E mesmo que eu não visite as casas e bairros, as pessoas podem usufruir do que eu deixei aqui na área da segurança pública, da saúde e educação, onde destinamos atualmente recursos para 29 escolas do município.  

Qual sua posição em relação ao programa de rádio? O perfil do Douglas hoje é mais combativo em relação a oposição ou mais conciliador? 
Procuro hoje fazer um programa mais alto astral, com mensagens positivas, é o que as pessoas querem, principalmente depois da Covid. Eu tenho deixado os embates para a Assembleia Legislativa. Eu tenho usado muito o programa como fonte para inspirar as pessoas a passarem por esse momento de pandemia e também para informar, pois a rádio tem esse papel principal. O fato de ser político e estar dentro de uma rádio gera uma cobrança maior das pessoas quanto aos meus posicionamentos. Rádio é muito bom, desde que você atenda às expectativas da população. 

E o prefeito Duílio de Castro, você acha que vai conseguir o apoio dele ou ele deve lançar um ou mais candidatos do seu grupo? Você tem acompanhado o outro lado também?
Eu acredito que Duílio deve, sim, lançar candidatos para estadual e federal na condição de prefeito. O que eu acho também é que ele deve ter uma grande responsabilidade para que não saia muitos candidatos, como eu tenho ouvido falar. Hoje eu tenho certeza absoluta de afirmar que com o número de candidatos que saem em Sete Lagoas, não dá para eleger um candidato com votos só daqui. Se tivesse maturidade política daria para eleger só com os votos daqui. Na minha primeira eleição, que eu tive mais de 39 mil votos, sendo considerada a maior votação da história, ainda sim eu precisei de mais 16,5 mil da região. Então hoje, mesmo que você lance um candidato aqui de Sete Lagoas, e que ele tenha apoio político, outros candidatos que queiram se aventurar vão atrapalhar para que a cidade sozinha eleja alguém. Por isso que hoje eu tenho uma base muito forte no interior e é importante que o prefeito também faça esse papel. Que ele lance quem queira para estadual ou federal, mas é importante para a cidade e região que não saiam tantos nomes como eu tenho ouvido falar. Sete Lagoas tem vários problemas para resolver e precisa de deputados para ajudar. Então essa maturidade política é importante que todos tenham.  

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