A NOSSA HISTÓRIA: Nasce Sete Lagoas (II)

09/07/22 - 08:00

“O primeiro morador de Sete Lagoas, “com título de terra”, é Antônio Pinto de Magalhães, que afirma, em documento lavrado em 1718, que “comprara um sítio ao capitão João Leite da Silva, nas Sete Lagoas, distante três léguas de viagem da dita Vila (de Sabará) de que lhe dera por título uma carta de sesmaria passada pelo Governador Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, em três de abril de mil setecentos e onze, pela qual lhe fizera mercê, em nome de Sua Majestade, que Deus guarde, de duas léguas de terras na paragem chamada Sete Lagoas, por se achar nela desde o ano de setecentos, com plantas, criações de gado vacum, começando as duas ditas léguas das cabeceiras da Mata do Sumidouro, de um ribeiro que chamam dos Macacos até as Lagoas Grandes e do pé do Serro ...” (MÁRCIO VICENTE SILVEIRA SANTOS, Sete Lagoas, Século XVIII, O Registro e as Estradas Reais: Centralidade e Convergência na Capitania de Minas, pág. 45. Sete Lagoas, Edições Instante, 2019. 236 páginas). No texto acima, o historiador MÁRCIO VICENTE – no capítulo que trata das “origens” de Sete Lagoas – discorre sobre a carta de sesmaria outorgada a Antônio Pinto de Magalhães, em 03-11-1728, por ter adquirido “um sítio” nas Sete Lagoas, do capitão João Leite da Silva, que seria seu proprietário desde 13-04-1711, ao receber uma primeira carta de sesmaria assinada pelo Governador Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho (pág. 46). Destaca o autor, no entanto, que Ortiz foi “aquinhoado com a sesmaria “das Sete Lagoas”, embora dela haja apenas o registro do título numa página em branco do livro de tombo da Secretaria de Governo da Capitania de Minas, documento sob a guarda do Arquivo Público Mineiro” (pág. 45). “Légua” era a unidade utilizada no país para medir distâncias longas, antes da introdução do sistema métrico. Uma légua equivalia a 6.660 metros, ou seja, pouco mais de 6 quilômetros e meio. “Sesmaria” era a gleba de terra que a Coroa concedia aos que se comprometiam a cultivá-la e criar gado. É a nossa atual escritura de compra e venda.  
O Sítio das Sete Lagoas – segundo contam o professor FERNANDINO JÚNIOR e o historiador SÍLVIO GABRIEL DINIZ, citados por JOAQUIM DIAS DRUMMOND – teria sido arrematado judicialmente pelo Padre Joaquim de Souza, por conta dos dízimos não pagos pelo proprietário. Contudo, antes de morrer, Antônio Pinto de Magalhães fez “doação remunerada” do imóvel a Antônio Carvalho de Figueiredo, que litigou com o Padre Joaquim de Souza e acabou vencendo a causa. Lembra JOAQUIM DRUMMOND que, em 12-05-1750, numa escritura pública lavrada pelo tabelião Antônio Carlos Moreira de Sampaio, constava o fato de o imóvel ter sido arrematado judicialmente pelo Padre Joaquim de Souza. Nesse sentido, resume: “Se procedentes as informações do professor Fernandino Júnior, concluímos que de 1711 a pouco mais de 1750, a Fazenda das Sete Lagoas teve por ordem os seguintes proprietários: - João Leite Silva – Antônio Pinto de Magalhães – Padre Joaquim de Souza e Antônio Carvalho de Figueiredo. (O PASSADO COMPASSADO DE SETE LAGOAS, pág. 13.  1968). “Depois de Antônio Carvalho de Figueiredo” – prossegue o autor – “não conseguimos apurar quais os que o sucederam na posse da Fazenda das Sete Lagoas, quando, afinal, nos aparece o Sargento-mor Antônio Francisco Sarzedas, em 1855, como vendedor do referido imóvel ao Sr. José Inocêncio Pereira” (pág. 14). 
Esse registro, indicando os proprietários do “Sítio” ou “Fazenda das Sete Lagoas”, é muito importante, pois a casa que abriga o Museu Histórico da cidade foi ali construída. E bem ao seu lado, tempos depois, o povo se reunia, na Praça do Comércio, hoje, Praça Tiradentes, para fazer compras e conversar. Assim, juntamente com o Bairro da Várzea, Sete Lagoas surgia!

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