Por Evandro Bastos
Conta o Evangelho que os discípulos proibiram alguns de fazer os milagres e manifestar os sinais de Deus. Talvez se achavam melhores e privilegiados, ou não imaginavam o bem vindo de outros, ou até mesmo queriam cargos importantes e não poderiam correr o risco com a concorrência. Fato é que Jesus já havia chamado os Seus, enviado em missão, revelado os planos do Pai, e os que estavam próximos não imaginavam a ação de Deus por outros grupos e caminhos.
A proposta do diálogo e da prática ecumênica sairá então da boca de Deus: “Não proíbam”! Mesmo que a porta seja diferente, se ela aponta e leva à Deus: Ótimo! É desnecessário proibir quem está anunciando o bem e as maravilhas do Senhor, em todo movimento que leva ao encontro com a graça, a justiça, a paz, o amor. Quem dera se todos estivessem profetizando, testemunhando, edificando a obra do criador. Proíbam as queimadas, a destruição da casa comum. Proíbam as guerras, a proliferação do ódio, as mentiras e difamações contrárias à vida. Deixe manifestar-se a vida!
Os caminhos que levam ao encontro com a plenitude nunca devem ser barrados ou proibidos. Antes, devemos estimular a busca, o empenho, a dedicação, o amor em tantas formas de servir e construir o Reino de Deus.
Depois de estar no movimento da vida, aí sim, vamos descobrindo o que precisa ser modificado, cortado e transformado. O mesmo Jesus que pede o diálogo aberto com as diversidades, sem proibir a construção de caminhos diferentes, vai orientar: se algo te leva a perder-se do bem querer e do amor: arranca! Corta!
Essa proposta pedagógica é singular: mistagógica. Primeiro não proibir as diversas ações que levam á Deus, depois do encontro com Ele, educar-se para abrir mão do que pode nos afastar da presença Dele. Como é bom saber que os caminhos são múltiplos! Que maravilha a possibilidade da diversidade que nos potencializa no encontro com a plenitude! Agora, depois de encontrar-se Nele, nenhum vício, desvio, engano ou fuga, deve ser mantido. É melhor estar inteiro no Amor, que dividir-se ou perder-se em paixões passageiras.