Memorial homenageia mulheres vítimas de violência em SL

Sete Lagoas ocupa a 12ª posição em homicídios – indiferente de gênero – entre cidades com mais de 100 mil habitantes, segundo o Atlas da Violência 2024. Em resposta, o projeto “Memorial – Mulheres Vítimas de Violência” homenageia vítimas mortais de violência de gênero no município, com uma exposição baseada em relatos coletados online. A mostra, inicialmente no Casarão, terá novas datas e locais divulgados em breve. A exposição foi montada pelo Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres a partir de relatos coletados por um formulário online e conta as histórias dessas mulheres, destacando seus sonhos e momentos de vida:

GRAZIELLA TEIXEIRA

Graziella Teixeira Martins, setelagoana, nascida em 1978, mãe de 3, avó de 2 e amante incondicional da vida. Grazy ou Lela como carinhosamente era conhecida, respirava liberdade e arte. Deixava pela cidade frases escritas nas paredes para mostrar a todos como viver é maravilhoso, alegrando o dia de pessoas que estavam desacreditas da própria vida. Amada em todos os lugares que passava por seu jeito extrovertido e espontâneo, ela deixou muitas saudades. Era uma pessoa sonhadora, que buscava a felicidade. Sempre disposta a lutar pelo que acreditava, ela cantava, dançava e sorria, contaminando de bom humor as pessoas que passavam por ela. Graziella teve sonhos, desejos e possível futuro interrompidos pela violência.

Comunicativa e sempre com um sorriso no rosto, Grazy viveu até seus 45 anos de idade. Grazielle teve sua vida interrompida pelo machismo e feminicídio em 27 de fevereiro de 2024, após alguns meses sofrendo consequências de violência. Mas aqui e nos corações de quem a amava, ela se faz presente em memória na luta pela vida de todas.

MARINA MÁXIMO CLAUDINO COSTA

Marina Máximo nasceu em Sete Lagoas, viveu no bairro Santa Luzia e teria completado 30 anos no dia 17 de março de 2024. Perseverante, altruísta e generosa, recebeu da família ‘amor’ como a palavra que mais a representava. Admirada pelo seu jeito genuíno de enxergar a vida, ela era persistente e jamais desistia de seus propósitos. Um deles era a faculdade de medicina. O sonho de passar no vestibular para cursar medicina sempre foi o que mais a movia. Estudar e se especializar em gastroenterologia se tornou algo muito importante para ela. Marina sofria com a doença de Crohn, uma síndrome inflamatória do trato gastrointestinal e exercer um atendimento humanizado desta profissão era o seu propósito de vida. No tempo livre, gostava de assistir a tutoriais de maquiagem e os reproduzia com riqueza de detalhes, “como se fosse uma maquiadora profissional”, conta sua mãe. Marina amava sua coleção de produtos de beleza e seus vários tons de batons vermelhos.

ANNE KAROLINE DE OLIVEIRA SOUZA

Anne Karoline de Oliveira Souza nasceu em Montes Claros, em 16 de outubro de 1981. Filha de Gelcira de Oliveira Dias e Alvimar Alves de Souza, Anne sempre foi uma pessoa amada por todos da família. Ainda muito jovem, foi mãe de dois filhos e estar com eles era uma das coisas mais importantes para ela. Em Sete Lagoas, morando no bairro Bela Vista II, Anne iniciou uma trajetória junto à Secretaria de Esportes como Nutricionista e posteriormente na Secretaria de Assistência Social como coordenadora do CRAS, trabalhos que exerceu com amor e dedicação.

Apesar de ter tido câncer, a lembrança que deixou foi de seu sorriso, mesmo diante da dor. Guerreira, trabalhadora e amiga, não deixou que a doença tirasse dela o ânimo e a responsabilidade pelo trabalho que tanto amava. Com uma vida voltada ao social, ela tinha o sonho de cursar medicina, mas a doença interrompeu sua vida antes que ela pudesse realizá-lo. Anne foi vítima de violência física, patrimonial, psicológica e sexual e faleceu de um tipo raríssimo de câncer aos 38 anos em 12 de abril de 2020.

JANE CARLA SANTOS SOARES

Jane Carla Santos Soares nasceu em Itabuna em 07 de outubro de 1989 e em Sete Lagoas residia no bairro Padre Teodoro. Muito alegre e prestativa, estava sempre disposta a ajudar o próximo. Uma mulher sonhadora e de muita fé, Jane Carla trabalhava como maquiadora e amava atender suas clientes. Era mãe de dois filhos e não media esforços para que eles se sentissem bem e felizes. Estar com eles era o que tinha de mais precioso para Jane Carla. Sua filha Poliana relata carinhosamente que a tinha como mãe, amiga e companheira de vida. Batalhadora e honesta só deixou boas lembranças. Para Jane Carla, a mentira era algo inadmissível.

CLÁUDIA DE JESUS BARBOSA

Cláudia de Jesus Barbosa, nasceu em Sete Lagoas no dia 19 de outubro de 1978. Morava no bairro Canaã e seu sonho era ter um estúdio de beleza e conquistar sua liberdade.

Feliz, humilde, carismática, positiva e batalhadora, carregava sempre um sorriso no rosto. Cláudia sofreu violência física e emocional e foi mais uma vítima do feminicídio, morta pelo seu companheiro que não aceitou o término da relação. No dia 04 de dezembro de 2018, aos 39 anos, teve sua vida interrompida.

FABIANA DE SOUSA

Fabiana de Sousa, setelagoana, nasceu em 25 de fevereiro de 1995 e morava no bairro Aeroporto Industrial. Era mãe de um filho e sonhava em construir uma família feliz ao lado dele, que era sua razão de viver. Batalhadora e determinada, estava sempre focada em seus objetivos e buscava fazer o seu melhor para alcançá-los.

Fabiana trabalhava como operadora de caixa e a família a enxergava como uma pessoa alegre e cheia de vida. Nos momentos de lazer, ela gostava de passear, ouvir música e dançar, de preferência com o volume alto do som. Para Fabiana, ficar sem o filho era inadmissível e o medo de perder a guarda para o pai da criança, caso se separassem, a assombrava. Fabiana sofreu violência física, psicológica, moral e sexual e faleceu aos 26 anos no dia 30 de março de 2021, vítima de feminicídio. Ela foi violentamente agredida e teve morte encefálica vindo a óbito três dias após a agressão.