por Aloísio Vander
O argumento mais comum contra a doutrina da reencarnação, é o que diz respeito ao esquecimento do passado. Os opositores questionam: “Se nós somos Espíritos reencarnados, e temos múltiplas existências, por que então não nos recordamos delas?”
É simples entender as razões do esquecimento do nosso passado.
Inicialmente, devemos considerar a Misericórdia divina, que nos permite o recomeço das tarefas mal aproveitadas no pretérito, suprimindo-nos do consciente as lembranças amargas que nos alimentariam sentimentos como o remorso, a mágoa, o medo, a desconfiança, a vergonha, que dificultariam os nossos passos, na direção de mais altas conquistas espirituais.
A própria sociedade, se recordasse os delitos graves cometidos por alguns de seus membros, mesmo que ocorridos em passado remoto, não os pouparia dos seus preconceitos.
Outras razões são de ordem psíquica e biológica.
Na preparação para o retorno à matéria, o Espírito entra em sono profundo, sono que, por vezes, tem início antes mesmo da sua vinculação ao zigoto.
Ao reencarnar, o Espírito recebe um cérebro novo, portanto sem qualquer arquivo. Por causa da diferença dimencional, o Espírito não consegue transferir para o seu novo corpo o arquivo de experiências vividas no passado. Pelo menos de forma integral. Esse arquivo chegará pouco a pouco, lentamente, ao campo cerebral, em forma de tendências, aptidões e impulsos inatos, à medida em que o cérebro se desenvolve. Essas tendências manifestam-se desde a infância, expandindo-se no transcorrer da adolescência e consolidando-se na idade adulta.
Se o Espírito reencarnante for moralmente atrasado, e se não foi burilado pela educação no lar desde o nascimento, passará a apresentar-se tal qual era nas existências anteriores, e, quase sempre, resvalando para o pântano de velhos vícios.
Sendo assim, é preciso considerar a grande utilidade do esquecimento do passado que, de forma alguma, nos priva dos benefícios das conquistas alcançadas no passado remoto. Ele sim, favorece-nos a aproximação com as situações e pessoas das quais necessitamos para a indispensável restauração, melhoria e engrandecimento dos valores que o Pai Celestial nos confiou desde que fomos por Ele criados.