Efeito Trump pode beneficiar Sete Lagoas

Na última quarta-feira, 12, o Portal 7Dias News repercutiu uma avaliação de Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), demonstrando preocupação quanto a decisão do presidente Donald Tramp em taxar em 25% as exportações de aço e alumínio para os Estados Unidos. Caso a medida seja mantida, os impactos na economia de Minas Gerais e do Brasil poderão ser expressivos já que o mercado norte-americano é o principal comprador desses produtos. Neste sentido, o SETE DIAS ouviu fontes ligadas diretamente ao setor de siderurgia de Sete Lagoas para saber quais são as expectativas com este novo cenário.

Foltos: /www.setegusa.com.br/

O receio de Flávio Roscoe se refere à produção de aço e alumínio que, em Minas Gerais, é forte em cidades do Vale do Aço como Ipatinga e Coronel Fabriciano. Diante do possível impacto da decisão, o presidente da FIEMG acredita que este é o momento de intensificar as negociações. “As empresas devem acionar seus parceiros nos Estados Unidos, e o governo brasileiro precisa abrir diálogo com o governo americano para tentar garantir concessões ao Brasil”, defendeu o presidente da FIEMG.

Para a economia de Sete Lagoas, a medida protecionista de Donald Trump pode provocar reflexos positivos. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Ernane Geraldo Araújo, a cidade possuiu 24 siderúrgicas. “Atualmente, 18 estão em operação com 22 fornos ligados”, revela. Um consistente parque industrial que, por décadas, moldou a economia da cidade.

O empresário e atual secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Sete Lagoas, Juca Bahia, tem o mesmo entendimento de Flávio Roscoe avaliando que do ponto de vista macro o Brasil terá sérios problemas com sua produção de aço e alumínio. No entanto, para ele, a medida pode promover um salto econômico altamente positivo para a região. “Boa parte da produção de gusa tem os EUA como destino. Desta forma, os americanos, encontrando barreiras para importar o aço, terão que aumentar sua produção interna.  Para isto precisarão comprar mais gusa de nossa região, provavelmente elevando o preço e volume das exportações”, prevê.

Esta também é a opinião de quem produz ferro gusa em Sete Lagoas. O empresário Elísio Pereira da Conceição (Liquinha), proprietário da Siderúrgica Metalsete, revela que, nos últimos meses a exportação para os EUA sofreu um considerável aquecimento e a perspectiva continua sendo positiva. “A indústria norte-americana é responsável pela importação de mais de 87% do nosso ferro gusa. Somente em 2024 foram mais de 2,5 toneladas. O setor ficará ileso a essas medidas, o gusa não foi taxado”, define. Rômulo Caetano, proprietário da Cia Siderúrgica Setelagoana, compartilha da mesma positividade. “Para o nosso gusa esta decisão do Trump é muito boa. É certo que os EUA terão que importar mais ferro gusa para produzir seu próprio aço”, avalia.