Douglas Melo: da infância no bairro Boa Vista à prefeitura de Sete Lagoas

O prefeito eleito Douglas Melo compartilha suas origens, trajetória profissional e os planos para o futuro da cidade.

Família cruzeirense: no Mineirão com a esposa Lauriele e os filhos Thaila e Benício

SETE DIAS: Douglas, fale para a gente sobre suas origens, sua família, pais, esposa e filhos. Quem é o Douglas? Onde você cresceu em Sete Lagoas?

Douglas Melo: Sou filho de um porteiro de escola, o senhor Celso, que trabalhou a vida toda nessa profissão, começando no Cândido Azeredo, depois no Colégio Minas e atualmente no Alice Maciel, e da dona Marisa, dona de casa e costureira. Meu pai é de Baldim, e minha mãe era de Santana de Pirapama. Sou casado com a Lauriele, pai da Thaila e do Benício. Cresci no bairro Boa Vista, em Sete Lagoas, e comecei minha trajetória profissional como mecânico na cidade, depois me formei no Senai. Ao longo da vida,fui mecânico, radialista, vereador e agora, além de ser deputado estadual por três mandatos, sou o prefeito eleito da cidade. Fui o deputado mais votado por duas vezes e sou o único da história de Sete Lagoas a ter três mandatos consecutivos.

Brindando com o pai Celso

SETE DIAS: Fale sobre sua infância e adolescência em Sete Lagoas, quais eram suas principais lembranças dessa época?

Douglas Melo: Minhas lembranças são muito fortes da rua Copacabana, onde jogávamos futebol. Na época, a rede ferroviária impedia o trânsito na Av. Antônio Olinto de subir para a parte de cima da Copacabana, e por isso, era ótimo jogar bola naquela via. Eu também costumava brincar na rede ferroviária e jogar no campinho de areia lá. Toda minha infância foi no bairro Boa Vista.

SETE DIAS: Você mencionou que foi mecânico. Onde você trabalhou?
Douglas Melo: Comecei na oficina do Zequinha, na rua Equador, em frente ao ferro-velho do Euclésio. Depois, fui para a Injetronic e trabalhei por mais de um ano lá. Acabei indo para a Rádio Exclusiva de Pompéu, a convite do Ezequiel, que me levou para lá. Ele falou que minha voz era boa e pediu para gravar um CD. Uma semana depois, a rádio me chamou, pois o locutor estava saindo de férias. Meu pai não queria que eu fosse para Pompéu, achava que o povo de lá era bravo, mas fui e me apaixonei pela cidade. Fiquei mais de um ano lá, até que voltei para Sete Lagoas e fui para a Cultura AM. Depois, fui para a Musirama, onde fui promovido para o horário da tarde e depois para a manhã, consolidando nossa audiência. Foi assim que me tornei vereador e depois deputado.


SETE DIAS: Você também se arriscou no futebol, atuando como goleiro do Democrata?
Douglas Melo: Eu era muito ruim no futebol (risos). Meu irmão sim, ele jogou no Democrata e chegou a ser juvenil do Atlético. Eu passei um tempo no Democrata, fui treinado pelo Gilberto Graciano, e depois no Ideal, com o Dinei Nascimento.
Mas minha passagem pelo futebol foi curta. A minha grande paixão foi o rádio, onde
consegui me destacar.

Em SL é Democrata e Bela Vista


SETE DIAS: O que você gostava de fazer em Sete Lagoas e na região, onde costumava frequentar na sua juventude?
Douglas Melo: Venho de uma família humilde, então, não podíamos frequentar muitos shows, especialmente porque meu pai não conseguia pagar. Quando comecei como mecânico, gostávamos de ir ao bar do Calangão na Paulo Frontin. Também íamos aos eventos no Iporanga e nos shows da região. Muitas vezes, saíamos para Caetanópolis ou para eventos em Baldim e Santana de Pirapama. Era uma adolescência simples, mas muito feliz, e isso me motiva hoje a querer trazer grandes eventos para Sete Lagoas, especialmente para a população que também não tinha acesso fácil a esses shows.


SETE DIAS: E sua paixão por cavalos e cavalgadas? Isso vem de família?
Douglas Melo: Não, essa paixão surgiu depois de um período muito difícil. Em 2020, após contrair Covid e ficar internado, passei por um momento de depressão. Quando saí, decidi comprar um cavalo, pois meu filho já tinha se encantado com cavalos, ele ganhou um cavalinho de um amigo e comecei a andar com ele. Foi quando percebi que esse novo hobby poderia ser uma forma de lazer. Me apaixoneipelas cavalgadas, pelos rodeios, e até me tornei presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Rodeio. O cavalo é muito importante para a formação da personalidade das crianças, além de ser um amigo leal. Minha mulher acabou depois também indo para o cavalo, porque ela perdeu tio, vó e mãe em um mês com Covid. Então, ela passou por esse momento muito difícil e começou a fazer prova de três tambores. Então, hoje todo mundo lá em casa monta cavalo. Isso fortaleceu os laços familiares, e agora todos em casa montam cavalo. Fui impulsionado pela necessidade de superação, tanto minha quanto da minha família.


SETE DIAS: O que não pode faltar na mesa de Douglas Melo? O que você mais gosta de comer e beber?
Douglas Melo: Não pode faltar arroz e comida gorda. Eu gosto muito de comida mineira: maçã de peito, dobradinha, feijoada, torresmo, galopé, tocinho de barriga. E, claro, gosto de uma cervejinha. De modo geral, sou apaixonado com a comida mineira, para mim não tem nada igual, inclusive nas cavalgadas é onde que a gente normalmente encontra muita comida assim. Da mesma forma, sou apaixonado com a cachaça aqui da nossa região, tem grandes produtores de cachaça, todo final de semana eu tenho que tomar umas cachacinhas.

Tropeirão é tradição

SETE DIAS: E o Cruzeiro, é outra paixão?
Douglas Melo: Com certeza! O Cruzeiro é meu time do coração. Minha paixão pelo clube começou quando eles ganharam a Supercopa contra o Racing. Cresci vendo meu pai assistindo aos jogos. A gente, como eu disse, não tinha dinheiro para ficar indo ao Mineirão, mas esse amor, sem dúvidas, ele é incondicional. Eu vi o Cruzeiro quase ser destruído, foi algo que maltratou muito o cruzeirense. Mas posso dizer que hoje nosso amor é muito maior, porque a gente era acostumado só a ganhar, nós fomos testados ao limite, três anos de Série B não foi fácil, e agora ver o Cruzeiro sendo reconstruído pelo grande Pedrinho, um grande cruzeirense, um grande empresário, isso nos traz muita alegria. Lá em casa todo mundo é Cruzeiro, eu, minha esposa e meus filhos.

Cavalgada com a esposa Lauriele


SETE DIAS: Além das cavalgadas, o que você gosta de fazer com a família?
Douglas Melo: Sou muito caseiro. Gosto de passar o tempo com a minha família, seja jogando videogame com meu filho, brincando com a minha filha e assistindo filmes com a esposa. Quando saímos, gostamos de ir à roça ou aos barzinhos de Sete Lagoas, que adoro. Também gosto de visitar feiras e pontos turísticos da cidade, principalmente a Serra de Santana Helena. Agora, a partir de 1º de janeiro, com menos viagens a trabalho, poderei aproveitar mais essas coisas.

Treinar também faz parte da rotina


SETE DIAS: Sua rotina de treinos também é rigorosa?

Douglas Melo: A gente malha para queimar, né? Porque no final de semana eu como muita coisa gorda! (risos). Treino pela manhã, geralmente às 5h45. Minha agenda é apertada, chego tarde de Belo Horizonte e às vezes, quando estou viajando pelo interior, chego mais de 1h da manhã em casa. Mas faço questão de malhar três vezes por semana, pois ajuda a aliviar a ansiedade e me dá energia para todo o dia. Eu sou muito agitado, então a academia é essencial para o meu equilíbrio e uma noite de sono tranquila, porque normalmente sempre levanto às 5h, diariamente.

SETE DIAS: Qual a importância da região para você?
Douglas Melo: Eu sou muito grato à nossa região. Nenhum deputado estadual da história de Sete Lagoas conseguiu o que nós conseguimos. Nessa última eleição, para você ter uma ideia, como deputado, conseguimos mais de 41 mil votos só na região de Sete Lagoas. Isso é algo que nos traz muita gratidão, mas também uma grande responsabilidade. Sou apaixonado por nossa cidade e pelas nossas cidades
vizinhas. Todo sete-lagoano é apaixonado pela nossa região: Jequitibá, Baldim, Pirapama, Santana do Riacho, Cordisburgo, Cachoeira da Prata, Fortuna de Minas, Inhaúma, Araçaí, Paraopeba, Caetanópolis. O que mais me encanta na nossa região é a hospitalidade, que é uma das maiores qualidades do mineiro. O mineiro gosta de receber em casa, gosta de oferecer um cafezinho e, muitas vezes, de compartilhar um biscoito feito de forma caseira. Para mim, o que mais me encanta é justamente isso: a hospitalidade. E, durante todo o tempo em que fui deputado, o que mais me marcou foi o carinho com o qual fui sempre recebido na região e o quanto as pessoas confiam no nosso trabalho. Eu saio agora com o coração cheio de alegria para assumir a prefeitura da cidade que tanto amo, mas também com um sentimento de saudade, pois, no novo cargo, estarei menos presente no interior. No entanto, ao cuidar bem de Sete Lagoas, sei que toda a região será beneficiada. Estou destinando todas as minhas emendas parlamentares para Sete Lagoas. Com isso, a cidade vai contar com mais de 20 milhões de reais em emendas parlamentares, a partir do segundo semestre de 2025. Em 2026, contarei muito com o apoio do governo de Minas, do governador Romeu Zema, e também do presidente da Assembleia Legislativa, para que possamos destinar recursos estaduais para nossa cidade. Isso nos dará um caminho sólido, que inclui a responsabilidade de eleger um deputado federal e um deputado estadual. Eu não abro mão disso. Quero acabar com essa cultura de trazer deputados de fora para Sete Lagoas, deputados que, infelizmente, não contribuem de verdade com o município. Muitos conquistam mais de 10 mil votos aqui, mas depois não destinam sequer um computador para a cidade. Eu serei um prefeito bairrista, muito firme quanto a isso. Precisamos eleger os nossos deputados, aqueles que realmente se importam com Sete Lagoas. Já conversei com o Duílio e pedi que ele aceitasse esse desafio. Vou apoiar o Duílio para a vaga de deputado federal e vejo o Juca Bahia como um nome muito viável para ser deputado estadual. Esse é o trabalho que farei: apoiar dois deputados da nossa cidade, pois é assim que tem que ser. Com isso, Sete Lagoas terá mais de 100 milhões de reais em emendas parlamentares, somando as emendas de deputado estadual e federal.


SETE DIAS: Como você se encontrou com a política?
Douglas Melo: Meu encontro com a política começou em 2011, através do programa O Povo no Rádio, da Musirama FM. Quando comecei a questionar os problemas de Sete Lagoas, muitos ouvintes começaram a ligar para a rádio, pedindo para que eu me candidatasse, dizendo que viam em mim um bom perfil para ser vereador. Foi então que decidi colocar meu nome à disposição e fui eleito. Fiquei em segundo lugar, com 2.894 votos, uma tarefa muito difícil, considerando que venho da imprensa de Sete Lagoas, e todos sabemos o quanto uma eleição na cidade é desafiadora. Foi a partir desse momento, impulsionado pela insatisfação com os problemas diários de Sete Lagoas, que decidi entrar para a política. Como prefeito, agora terei a oportunidade de buscar soluções para os problemas que antes eu não conseguia resolver. Quando fui deputado, minha função era destinar recursos. Agora, tenho o poder de executar as mudanças. A partir de 1º de janeiro, apesar das muitas dificuldades financeiras da prefeitura, Sete Lagoas enfrenta um grande desafio. A cidade tem uma arrecadação baixa, e, para se ter uma ideia, dos 853 municípios de Minas Gerais, Sete Lagoas ocupa o 634º lugar no ranking de arrecadação. Embora sejamos uma cidade com muitas indústrias e empresas, a arrecadação ainda é insuficiente. Esse será um dos grandes desafios que teremos pela frente. Além disso, a cidade tem uma folha de pagamento elevada, o que exige um governo sempre responsável, que consiga manter os salários dos servidores em dia. Mas, apesar das dificuldades, chegamos com muita disposição, energia e vontade de trabalhar para transformar Sete Lagoas e buscar soluções para os problemas da cidade.


SETE DIAS: Quais são suas perspectivas para 2025 e o que deseja para a população sete-lagoana?
Douglas Melo: Terei uma grande responsabilidade. As pessoas não verão em mim um governo populista. Farei um governo com os pés no chão, focado em manter a cidade funcionando. Quero uma Sete Lagoas para todos. A cidade é de todos, e meu compromisso é atender todos os cidadãos, independentemente de quem votou em mim ou não. Por isso, a responsabilidade de um governo se reflete em cuidar das contas públicas, deixar a prefeitura organizada, com um secretariado técnico, e buscar recursos para a cidade. Nosso objetivo é lutar por um desenvolvimento maior, atrair mais empresas, criar novos postos de trabalho. Quando falo dessa perspectiva, posso afirmar que a responsabilidade é, sem dúvida, arregaçar as mangas e buscar recursos. Precisamos continuar melhorando Sete Lagoas. O Duílio fez um excelente trabalho de reorganização da prefeitura, o que o credencia, sem dúvida, para ser, no futuro, um deputado federal que ajudará muito a nossa cidade, já que conhece bem a máquina pública. Agora, o que precisamos fazer é dar o próximo passo: desenvolver ainda mais Sete Lagoas, mas sempre de forma responsável, sem fazer loucuras. Tenho três mandatos de deputado e um de vereador, e sei o quão apertadas são as contas em Sete Lagoas, onde não sobra muito recurso. Por isso, a abordagem precisa ser com os pés no chão, trabalhando duro para atrair mais investimentos.


“Vou apoiar o Duílio para a vaga de deputado federal e vejo o Juca Bahia como um nome muito viável para ser deputado estadual. Esse é o trabalho que farei: apoiar dois deputados da nossa cidade, pois é assim que tem que ser”.