Na vanguarda dos direitos humanos
Numa época em que a aristocracia ainda tinha força e o Catolicismo dominava a educação pública, a Doutrina Espírita já proclamava que “todos os homens estão submetidos às mesmas leis da Natureza”, e que “Deus a nenhum homem concedeu superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte: todos, aos Seus olhos, são iguais”.
Ela já ensinava que a diversidade das aptidões entre os homens deriva do grau de aperfeiçoamento a que tenham chegado seus Espíritos, e não somente da influência do meio, da educação recebida ou da herança genética.
Denunciou a farsa da naturalização das desigualdades sociais ao afirmar categoricamente que ela “é obra do homem e não de Deus”.
Sobre as origens das grandes fortunas, não tem escrúpulos em afirmar que muitas delas têm origem na “velhacaria” e no “roubo”. Todavia, demonstra que a igualdade absoluta das riquezas não é possível, porque a isso “se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres”. Todos possuímos os germes da perfeição, porém, em nosso atual estágio evolutivo, as aptidões variam muito, assim como o grau de seu aperfeiçoamento.
O Espiritismo faz-nos entender que a riqueza e a miséria não são prêmios ou castigos, mas provas a que são submetidos todos os Espíritos. Que ambas têm graus de dificuldade semelhantes, argumentando que a da “miséria provoca as queixas contra a Providência”, e a da “riqueza incita a todos os excessos”.
Por fim, numa época em que as mulheres eram subjugadas pelos homens, a Doutrina Espírita defendia que ambos possuem os mesmos direitos, mesmo porque os “sexos […] só existem na organização física. Visto que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma diferença há entre eles. Devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos”.
Foi essa percepção avançada da Doutrina Espírita que levou Emmanuel à seguinte afirmação: “a ciência do mundo, se não deseja continuar no papel de comparsa da tirania e da destruição, tem absoluta necessidade do Espiritismo, cuja finalidade divina é a iluminação dos sentimentos, na sagrada melhoria das características morais do homem”.