Associativismo: rede de apoio, força, participação e confiança para transformar

A empresária e professora universitária, Valéria Regina Amaral Torres Reis é a segunda mulher a presidir a Associação Comercial e Industrial de Sete Lagoas – ACI -. Nos 88 anos de existência da entidade. A primeira foi Maria Auxiliadora Matos de Melo, de 1996 a 1998.
Psicóloga, especializada em Psicologia Empresarial, pós-graduada em Gestão e Educação Empresarial; Mestre em Administração, uma das fundadoras da Âncora Recursos Humanos.
Apologista do associativismo, participou da fundação de grupos setoriais, como o Grupo Seta (primeiro grupo de RH de Sete Lagoas), Grupo CriaRH, Grupo Alvo e o Helenas – Núcleo da Mulher Empreendedora de Sete Lagoas, do qual foi presidente de 2020 a 2023. Atualmente, também sócia-proprietária da Esquimó Ar Condicionado.
Na solenidade de posse na presidência da ACI, citou o pensador John Donne: ‘’Nenhum homem é uma ilha, completo em si próprio, cada ser humano é uma parte do continente, uma parte de um todo’, convidando a todos os empresários e empresárias de Sete Lagoas, a fazer parte desse continente que é a ACI, com o objetivo de “nos transformar em protagonistas das mudanças que queremos, em nossos negócios e em nossa cidade…”
Nessa edição especial do SETE DIAS ela falou sobre a experiência de presidir a entidade e sobre as perspectivas econômicas dos próximos anos na cidade, região e no país.

Valéria Reis é presidente da ACI

DESAFIO
Tenho aprendido diariamente, não só com os associados, mas também com as demandas e oportunidades que surgem. O que mais me marca é a troca de ideias e a possibilidade de ouvir pessoas tão diferentes, mas com o mesmo objetivo: o crescimento de Sete Lagoas e seus negócios. Também me inspira ver como as mulheres estão ganhando espaço no meio empresarial. Sempre me lembro das palavras de Luiza Trajano, que disse: “O sucesso de uma empresa está ligado ao quanto ela se envolve com a comunidade.” Tenho tentado seguir essa visão, conectando a ACI ainda mais à nossa cidade e ao nosso povo.


EMPATIA E FIRMEZA
Tomar posse na véspera do Dia Internacional da Mulher (8 de março), teve um simbolismo especial para mim, reforçando a importância do papel das mulheres na construção de uma sociedade mais equilibrada e representativa. É inspirador observar como, em nossa região e no Brasil, as mulheres têm ocupado posições de liderança em diferentes áreas, rompendo barreiras históricas e trazendo uma visão mais colaborativa e inovadora. Mais do que apenas ocupar esses espaços, as mulheres estão transformando a maneira como as decisões são tomadas, mostrando que empatia e firmeza podem andar juntas. Eu sempre me lembro de uma frase da Rachel Maia, uma referência no mundo corporativo, que diz: “Somos o que escolhemos ser, mas também temos a responsabilidade de inspirar outras mulheres a chegarem lá.” Essa frase ecoa no meu trabalho e me motiva a apoiar outras mulheres em sua jornada.


TRÊS PILARES
Minha gestão na ACI tem sido guiada por três pilares principais: fortalecer a representatividade da associação, fomentar o empreendedorismo local e promover a inovação como ferramenta de crescimento.
Primeiro, tenho trabalhado para que a ACI seja cada vez mais representativa, ouvindo as necessidades dos associados e buscando soluções práticas que tragam resultados reais. É essencial que cada empresário, independentemente do porte do seu negócio, se sinta parte de algo maior.
Outro foco é o incentivo ao empreendedorismo local. Sempre digo que Sete Lagoas é uma cidade cheia de talentos e potencial, e a ACI tem um papel crucial em apoiar nossos empresários, seja com capacitação, seja com eventos e oportunidades de networking. A força do nosso comércio e da nossa indústria está nas pessoas que acreditam e investem aqui.
Por fim, acredito muito na inovação como motor de desenvolvimento. Isso não significa apenas tecnologia, mas também novas formas de pensar e agir nos negócios. Cito sempre o exemplo de mulheres como a Janete Vaz, cofundadora do Grupo Sabin, que trouxe uma visão inovadora para o setor de saúde e transformou negócio em um modelo de excelência. A inspiração está em aplicar ideias novas que gerem valor e impacto positivo.


FÉ NO ASSOCIATIVISMO
Acredito que o associativismo em Sete Lagoas e região tem uma base muito sólida, mas sempre há espaço para crescer e se fortalecer. Nossa cidade tem uma história de união entre empresários e empreendedores, o que é essencial para enfrentar os desafios econômicos e sociais. No entanto, o associativismo é como um organismo vivo: ele precisa de renovação constante, de novas ideias e do engajamento ativo de seus membros para realmente alcançar seu potencial máximo.
O que percebo, tanto em Sete Lagoas quanto em outros lugares onde já atuei, é que o associativismo só se consolida de verdade quando as pessoas enxergam valor em fazer parte dele. Isso significa oferecer mais do que networking; é preciso oferecer soluções concretas, representatividade em debates importantes e ações que realmente impactem os negócios e a comunidade.
Sempre me lembro de uma frase de Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha e uma das líderes mais influentes do mundo, que diz: “O sucesso depende de todos trabalharem juntos.” Essa é a essência do associativismo e o que buscamos construir todos os dias.


PERSPECTIVAS
O momento atual da economia, tanto em nível regional quanto nacional, é desafiador, mas também traz oportunidades para quem está disposto a se adaptar e inovar. Embora ainda enfrentarmos um cenário de incertezas econômicas e certa inflação, temos recursos e potencial para superar esses desafios.
No comércio, a recuperação do consumo ainda está em andamento, mas há uma tendência de que os consumidores voltem a confiar mais nas compras locais, mantendo o dinheiro circulando na nossa economia local. Além disso, a digitalização tem sido uma grande aliada, com muitos empresários se adaptando ao e-commerce e oferecendo novos canais de venda.
Na indústria, Sete Lagoas se destaca com setores importantes como o metalúrgico e automotivo, que continuam a ser pilares da nossa economia. A inovação e a sustentabilidade são áreas nas quais devemos investir, pois são tendências que, cada vez mais, demandam atenção e transformação nos processos produtivos.
Quanto à prestação de serviços, vejo um crescimento no setor de tecnologia,saúde e educação, especialmente com abusca por mais qualidade e novos modelos de atendimento. A pandemia acelerou muitos desses processos, e agora, é hora de aproveitar as lições que aprendemos para criar um setor de serviços mais moderno e eficiente.
Em nível nacional, o Brasil enfrenta desafios fiscais e políticos que afetam diretamente a confiança do consumidor e do empresário. No entanto, acredito que é justamente neste momento que precisamos unir forças, fortalecer o associativismo e buscar soluções conjuntas para manter o crescimento.


POLÍTICA & ECONOMIA
A política, sem dúvida, exerce uma grande influência na economia local. No caso de Sete Lagoas e da nossa região, as decisões políticas, especialmente nas esferas municipal e estadual, impactam diretamente nas condições de infraestrutura, incentivos fiscais e até mesmo na segurança, o que pode afetar o ambiente de negócios e o consumo.
Nas eleições municipais deste ano, por exemplo, a escolha dos novos gestores municipais traz consigo mudanças nas prioridades de investimentos públicos, programas de apoio ao empreendedorismo local e ações voltadas para a melhoria dos serviços. O relacionamento entre a prefeitura e o setor privado, através de políticas de incentivo à geração de empregos, apoio a pequenas empresas e à inovação, tem um papel crucial no fortalecimento da nossa economia. Minha expectativa é que o novo prefeito, que é uma pessoa jovem e arrojada, estabeleça políticas de fomento ao empreendedorismo e um ambiente favorável ao crescimento de negócios na nossa cidade.
No âmbito nacional, eventos como a eleição de Donald Trump, apesar de parecerem distantes, também têm um reflexo na economia local, especialmente quando pensamos nas relações comerciais e nas políticas externas que ele implementa. O Brasil e os Estados Unidos têm uma relação de comércio importante, e mudanças no cenário político norte-americano podem afetar setores como o agronegócio, a indústria e o câmbio, impactando diretamente o poder de compra e o custo de produção de muitas empresas.


PARA SE ASSOCIAR
O processo é bastante simples. Basta acessar o nosso site, onde estão todas as informações detalhadas sobre o cadastro e os benefícios de ser um associado. Também oferecemos a possibilidade de entrar em contato diretamente com a nossa equipe comercial, especialmente com a Adriane Rosa e Érica Rodrigues que oferecem todo o suporte necessário para quem está interessado. O telefone para contato é o (31) 3771-2345.
Quero aproveitar este espaço para reforçar a importância da união e da confiança em nosso potencial coletivo. Em momentos de desafios, como os que vivemos atualmente, é essencial que os empresários se enxerguem como parte de algo maior, como uma rede de apoio e de força. Acredito que o sucesso de cada um está intrinsecamente ligado ao sucesso dos outros, e é exatamente isso que o associativismo nos ensina: juntos somos mais fortes.
A ACI não é apenas uma associação, é um movimento de transformação. Um movimento que se constrói com a colaboração de todos, onde cada associado tem a oportunidade de crescer, aprender e contribuir para um futuro melhor. Quando nos unimos, quando colocamos nossas energias e conhecimentos à disposição da comunidade, somos capazes de realizar coisas extraordinárias.