A principal missão será a construção de casas para as famílias do campo de refugiados de Dzaleka, que hoje tem 56 mil pessoas, muitas das quais refugiadas da República Democrática do Congo, Ruanda e Burundi
Juliana Flister, professora de Língua Inglesa e residente de Sete Lagoas desde 2002, está prestes a embarcar para uma missão transformadora. Natural de Contagem, Juliana se sente motivada a integrar a caravana da Fraternidade Sem Fronteiras (FSF), com o objetivo de ajudar na reconstrução de vidas em Malawi, um dos países mais pobres do continente africano, que enfrenta uma grave crise de refugiados. Ela acredita que esse trabalho é, além de uma forma de serviço àqueles que mais necessitam, uma experiência profundamente transformadora, tanto do ponto de vista pessoal quanto coletivo. “A jornada não é apenas uma experiência de servir, mas também uma oportunidade única de aprendizado e crescimento pessoal. Faço um apelo para que todos possam, de alguma forma, se envolver e contribuir para essa causa tão nobre”, ressalta.
Confira a seguir a entrevista com Juliana, na qual ela compartilha o que a motivou a
integrar a caravana, a atuação da FSF e o trabalho que será realizado no campo de
refugiados de Dzaleka.
SETE DIAS – Como surgiu a vontade de participar da caravana?
Juliana Flister – Já acompanho o trabalho da FSF há algum tempo e me identifico com a
missão da organização. A vontade de participar surgiu quando vi a experiência de uma
prima que participou de uma caravana para Madagascar. Essa vivência dela me
despertou o desejo de, também, contribuir com algo significativo para as pessoas que
tanto precisam.
SD – O que é a Fraternidade Sem Fronteiras e como ela atua?Juliana Flister – A FSF é uma ONG fundada em 2009, após uma viagem de seu fundador, Wagner Moura Gomes, à África. A organização, apesar de ser guiada pela espiritualidade, não tem vínculo com nenhuma religião. Sua missão é oferecer amparo a
crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, com foco no acolhimento e na promoção da dignidade humana. A FSF está presente em oito países, incluindo o Brasil, atendendo a 37 mil pessoas e oferecendo cerca de 542 mil refeições mensalmente em 79 polos de trabalho.
SD – Qual é o trabalho desenvolvido pela FSF no Malawi?
Juliana Flister – No Malawi, a FSF desenvolve o projeto Nação Ubuntu, que está
localizado ao lado de um campo de refugiados. Esse campo abriga aproximadamente 56
mil pessoas, muitas das quais são refugiados da República Democrática do Congo,
Ruanda e Burundi, que fugiram de conflitos. O projeto oferece oportunidades para
essas pessoas, com foco na educação, oficinas de biocarvão, costura e produção de
sabão. Hoje, são 650 crianças matriculadas na escola Ubuntu, além de várias outras
atividades, como hortas e a construção de casas. A FSF também construiu 150 casas no
local e fornece 2.000 refeições diárias.
SD – Qual o trabalho que o caravaneiro vai desenvolver no Campo de Dzaleka?
Juliana Flister – Nossa principal tarefa será a construção de casas para as famílias do
campo de refugiados. Acredito que, ao proporcionar um lar mais digno, estaremos
contribuindo diretamente para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.
SD – Quem é o grupo, o perfil das pessoas, que vai viajar com você?
Juliana Flister – A caravana à qual estou vinculada é uma caravana geral, composta por
profissionais de diversas áreas. O objetivo comum é servir aos irmãos africanos,
independentemente da formação de cada integrante. A diversidade de perfis no grupo é
uma força que, sem dúvida, fará a diferença nas ações que realizaremos.
SD – Qual o suporte que a FSF oferece aos caravaneiros?
Juliana Flister – A FSF oferece suporte completo antes, durante e após a viagem. Antes
da viagem, há orientações sobre documentação, vacinas, seguros obrigatórios e o
esclarecimento sobre toda a logística. Durante a missão, somos acompanhados por
líderes experientes, com a FSF oferecendo alojamento, alimentação, segurança e
transporte no país. Após a viagem, há também suporte emocional e psicológico, caso
necessário.
SD – Quais são os riscos envolvidos? Quais são os cuidados recomendados?
Juliana Flister – O Malawi é considerado um país seguro, sem conflitos civis ou tribais.
O principal risco é o de contrair malária, uma doença endêmica da região. A FSF nos
orienta sobre o uso de repelentes e roupas adequadas para nos protegermos. Além
disso, a segurança alimentar é um ponto importante. Somos aconselhados a consumir
somente os alimentos e a água fornecidos pela FSF, para evitar problemas de saúde
relacionados à água potável e higiene alimentar.
SD – Quais são os custos de uma viagem dessas?
Juliana Flister – O custo total da viagem, considerando passagem aérea, visto, seguros,
vacinas, hospedagem e alimentação, gira em torno de R$ 20.000,00. Esse valor é de
responsabilidade de cada caravaneiro.
SD- Quem tem o desejo de participar de uma caravana dessas, o que deve fazer?
Juliana Flister – O primeiro passo é apadrinhar um dos projetos da FSF pelo site
(https://www.fraternidadesemfronteiras.org.br/). Após isso, é necessário acompanhar o
cronograma das caravanas e se inscrever para participar. A FSF analisará as inscrições
e, se aprovado, o próximo passo é começar os preparativos para a viagem
SD – Quem não tem o desejo de participar de uma caravana, mas quer ajudar, qual é o caminho?
Juliana Flister – Existem várias formas de ajudar. Uma delas é apadrinhar um projeto
específico da FSF ou apoiar uma caravana. No meu caso, estamos arrecadando fundos
para construção de casas e também recebendo doações de protetor solar FPS 30 para
38 pessoas com albinismo que vivem no campo. Quem desejar contribuir pode acessar o
link (https://missaoafrica.abraceumacausa.com.br/) ou entrar em contato comigo
diretamente pelo número 31-99798-7874.