Por Wanderlei Guedes da Silva
– O que você faz?
– Sou passadeira.
– Passa lá em casa?
– Qual é o tamanho da trouxa?
– Um metro e sessenta e cinco.
– Não é grande nem pequena.
– É de tamanho meã.
– O ferro, é bom?
– Ótimo!
– A que horas devo ir?
– Não antes das seis, nem depois das dezoito.
– Porquê?
– Por causa do horário.
– Ah, Então?
– Então o quê?
– Abra o jogo.
– Que jogo?
– É claro, que você é casado!
– É claro! Com a trouxa.
– Casado?
– É claro!
– Então não dá.
– Não dá o que?
– Pra passar na sua casa!
– O que tem a ver?
– Eu não saio com homem casado.
– Que resistência idiota! Não precisa sair. É só passar.
– Eu sei muito bem o que é esse negócio de passar! Começa com falsos elogios, agrados, mas quer mesmo é amarrotar. Depois joga fora feito molambo, pano de chão! Só não quer responsabilidades. Não tenho mais força pra isso!
– Você não regula. Deve estar tomada!
– Sou eu quem não regula? Você quer é mais outra trouxa! Tou fora! Tchau, passe bem!
– Vou passar. Eu mesmo!
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