POR ALOÍSIO VANDER
Muita gente acredita que todas as influências espirituais procedem do Espírito Santo, quando boas, ou de Satanás, quando ruins. Isso é certo. Resta saber o sentido profundo dessas palavras.
Em Mateus, 16:23, lemos: “Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens.”
Os vocábulos Diabo e Satã procedem ambos do hebraico e significam, respectivamente, adversário e caluniador ou acusador.
No versículo acima, Jesus nomeia um de seus mais diletos discípulos de Satanás. A princípio, isso nos choca, mas, de posse do significado original da palavra Satanás, e atentos à sequência da fala de Jesus (“porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens”), compreendemos que Pedro estava, momentaneamente, figurando como Satanás, ou seja, adversário dos planos de Deus, lembrando que Jesus disse aos discípulos, anteriormente, “que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse”.
Outra passagem, aquela em que Jesus está prestes a ser preso, também ilustra nossa tese. É aquela posta em João, 6:70: “Respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? Contudo um de vós é o diabo.” Referia-se o Mestre a Judas. Ele estava prestes a entregar Jesus aos judeus, na condição de caluniador, acusador. Dessa forma, toda vez que distorcemos a verdade e o bem, personificamos o diabo.
Concluímos, assim, que Satanás e Diabo não são os reis do inferno, que, aliás, não existe, enquanto local circunscrito no espaço. Essas figuras foram usadas pelo Cristo para representar estados íntimos e posturas que assumimos em determinados momentos de nossa trajetória a caminho da própria iluminação.
De igual modo, não nos esqueçamos de que também foi Jesus quem pronunciou a consoladora frase: “O reino de Deus está dentro de vós.”