Nesta terça-feira, dia 18 de junho, é celebrado o Dia Mundial do Orgulho Autista, uma data significativa que visa promover a conscientização, compreensão e aceitação do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em todo o mundo.
O Dia Mundial do Orgulho Autista foi estabelecido pela primeira vez em 2005 pela organização Aspies for Freedom, que buscava uma maneira de rejeitar a abordagem médica tradicional de considerar o autismo como uma condição que precisava ser “curada”. Em vez disso, o movimento do Orgulho Autista propõe uma perspectiva que valoriza a neurodiversidade e reconhece as habilidades e talentos únicos das pessoas no espectro autista.
Em Sete Lagoas, a data foi lembrada em Sete Lagoas durante reunião ordinária da Câmara Municipal. Mães de autistas presentes falaram sobre como a diversidade autista é tratada em Sete Lagoas e da necessidade de avanços. Josiane Aparecida do Carmo, mãe de uma filha com aspecto autista de 7 anos, considera que o Dia Mundial do Orgulho Autista ainda será reconhecido em todo os lugares:
– Minha análise sobre como lidam com o autismo em Sete Lagoas é que está faltando muitos profissionais na área da saúde e também nas escolas. Então, considero que é um assunto que precisa ser falado mais. É preciso um olhar mais atencioso para com as crianças autistas. Infelizmente, nas escolas não estão conseguindo achar professor de apoio e as mães estão muito desapontadas com esse não cuidado com o autista, considera Josiane.
A cantora e ativista Ranny Reis (fotos acima) é mãe de um filho autista de 11 anos. Para ela, neste dia especial do orgulho autista, Sete Lagoas precisa de mais políticas públicas não apenas para autistas, mas para todos no espectro, porque a inclusão é crucial e está em ascensão. “Eu mesma já passei por situações onde meu filho ficou agitado, chorando, e algumas pessoas no ambiente não mostraram paciência, olhando com desaprovação. Isso não acontece só comigo, mas com muitas mães, porque há diferentes níveis de espectro, como nível 1, nível 2, nível 3, com diferentes suportes, verbais e não verbais. É fundamental que pessoas sem filhos ou parentes autistas também estudem sobre o autismo, pois não se trata de uma doença, mas de uma condição que todos precisam compreender melhor”, ressalta a cantora.
A dona de casa Poliana Campos, mãe de dois filhos autistas (4 e 7 anos), avalia como a Sete Lagoas trata o autismo. “Cheguei em Sete Lagoas e me deparei com uma realidade assustadora. O acesso ao tratamento é extremamente limitado, tanto para crianças quanto para adultos autistas. Pessoalmente, enfrento dificuldades para encontrar psicólogos com a sensibilidade necessária para tratar o autismo. Além disso, não há psiquiatras disponíveis para prescrever medicamentos. A falta desses profissionais é um grande desafio. Aqui em Sete Lagoas, muitos profissionais deixam a cidade em busca de melhores condições de trabalho em outras localidades, devido à remuneração inadequada. Estamos lutando pela inclusão tanto para adultos quanto para crianças, necessitando de fonoaudiólogos, psicólogos e outros profissionais especializados, cujos serviços são caros. Teremos a inauguração do nosso Centro, um passo importante, mas ainda estamos nos primeiros estágios de evolução. Sete Lagoas precisa avançar muito mais”, afirma Poliana.
Durante a reunião plenária o vereador Pastor Alcides anunciou a inauguração do Centro de Referência do Autismo e Outros Transtornos no próximo dia 24 de junho “Minha batalha vem de longas datas. As famílias dos autistas estão ansiosas para que isso aconteça e em seu mandato (do prefeito Duílio de Castro) estamos conseguindo. Já já, permitindo Deus, estaremos aqui inaugurando esta casa, que está sendo muito bem adequada. O imóvel, alugado e reformado pela Prefeitura – por meio da Secretaria Municipal de Saúde – está quase pronto e contará com uma equipe multidisciplinar para atender pacientes e familiares. O centro de referência fica na rua Cândido Azeredo, 108 – Centro.
O TEA é uma condição neurológica do desenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento, sendo complexa e variável, pois engloba diferentes perfis e níveis de funcionamento. Cada pessoa no espectro possui características e habilidades únicas, o que enfatiza a importância de reconhecer a diversidade autista.