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Vanessa Karam: Boas Lembranças
Temos em casa um relógio antigo. Seus ponteiros já não marcam as horas. Mas sim, eles marcam o tempo... Presente de casamento dado aos pais do meu marido, décadas depois, o objeto pequeno, simples e sem valor monetário real, tem a importância das boas lembranças.
Da mesma forma, no hall de entrada, coloquei sobre mesa simples um jarro de cerâmica esmaltada, pintado de flores coloridas. Não é porcelana fina, que valha fama ou dinheiro. Mas é, sim, de valor incalculável para mim... O conheci criança, enfeitando a sala de meus avós paternos. É minha herança mais que preciosa!
Na cozinha, o centro de mesa branco ostenta margaridinhas de pétalas salientes, urdidas em linha fina de crochê, pelos dedos ágeis de minha avó materna. Nesses pontinhos delicados, vejo, ainda hoje, cada detalhe das mãos da Vovó...
Para a sala de estar, reservei um nicho iluminado para expor miudezas de viagens. Tenho muitas: miniaturas, esculturas, pedrinhas... Coisinhas “sem valor”, que valem tanto pra mim...
Cercar-se de recordações de viagens e itens de valor sentimental é um dos segredos da felicidade. Qualquer objeto ou peça de decoração pode tornar-se a vedete de um canto especialmente pensado para realçar sua importância.
O mundo voltou a curvar-se diante do aconchego dos valores afetivos. Quem apostou em casas ultra “modernas”, com mobiliário e revestimentos futurísticos, entendeu que, sozinhos, eles não aquecem a alma. É preciso buscar uma harmonia. Isto explica a volta das fotografias em preto e branco, os detalhes em tijolinhos de barro, as peças em madeira de demolição... Elementos que remetem ao passado ou a sensações perdidas na correria do mundo atual. Lembranças de família, presentes de gente querida, imagens de férias felizes... Com eles multiplicamos os bons sentimentos e alongamos o prazer dos nossos dias. Fica a dica!
Vanessa Karam
Arquiteta e Urbanista
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