Por Aloísio Vander
Coluna Espírita
Valorização da vida

A valorização da vida é ponto crucial na Doutrina Espírita. Algumas pessoas que a desconhecem, costumam dizer, equivocadamente, que seus adeptos vivem “no mundo da lua”, e não se importam com a vida material. Não é bem assim.
Por isso, aquele que desprezar a vida material deve atentar para a advertência do Cristo: “Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios”. (Mt, 9:13)
Há algum tempo, soube de um caso de estupro em que a criança ficou grávida. Os médicos fizeram o aborto, esclarecendo que a gravidez traria consequências fatais à criança agredida.
Que nos dizem os Espíritos a esse respeito? Agiram bem os representantes da ciência ou foram precipitados, incorrendo em transgressão à Lei Divina?
Em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, encontraremos a resposta.
Na questão de número 358, Kardec perguntou: “Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?” E os Orientadores do Além responderam: “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.”
Como se percebe, o aborto é crime, segundo os Espíritos, em qualquer época da gravidez.
Agora vejamos o que eles dizem sobre o ponto capital do nosso assunto. Na questão seguinte, a de número 359, Kardec aprofunda o tema: “Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?” A resposta é lacônica, porém precisa: “Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.”
A resposta dos Espíritos indica que os médicos agiram bem, não porque foi essa a resposta dos Espíritos, mas porque ela reveste-se de uma lógica simples, perfeita e, portanto, irrefutável.
Resta-nos concluir que o transgressor, na questão em tela, é o estuprador, que responderá pelo ato deplorável, no momento em que a Bondade Divina julgar oportuno.