Pontos turísticos abandonados

Em Sete Lagoas, a Ilha do Milito, o antigo Mirante da Lagoa Boa Vista e o complexo do Parque da Cascata estão abandonados, de portas fechadas e à espera de uma iniciativa da gestão municipal ou um processo licitatório para que possam ser geridos pela iniciativa privada

03/07/21 - 12:00

Ilha do Milito é um dos locais mais agradáveis de Sete Lagoas, mais nenhum negócio emplaca há anos
Ilha do Milito é um dos locais mais agradáveis de Sete Lagoas, mais nenhum negócio emplaca há anos

Celso Martinelli

Três dos principais pontos turísticos e entretenimento de Sete Lagoas estão fechados para o público. Não em função da pandemia da Covid-19, mas por falta de concessão pública, hoje estão inexplorados a Ilha do Milito, o antigo mirante da Boa Vista e, por fim, o Parque da Cascata. Trata-se de pontos privilegiados e mais visados por turistas e sete-lagoanos, mas que ano após ano vem perdendo seu charme e castigados pelo implacável tempo.

E, pelo jeito, vai demorar mais um pouco até a reabertura dos locais, com estrutura digna de ser chamada de receptivo turístico. Procurada, a Prefeitura de Sete Lagoas respondeu via assessoria de imprensa que, no caso do restaurante do Parque da Cascata, não há sequer processo de concessão em andamento. “Em função da pandemia, o espaço se encontra fechado para visitação pública. Tão logo o Minas Consciente permita, o local será revitalizado e aberto novamente”. Porém, sem restaurante ou algo que o valha.

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Já a Ilha do Milito, na orla da Lagoa Paulino, se manteve aberta até dezembro do 2020, quando houve um desacerto entre o último locatário e a Prefeitura de Sete Lagoas, com o contrato sendo desfeito. Segundo assessoria do município, “a documentação e termo de referência para elaboração do edital de concessão do local já foram encaminhados ao Departamento de Licitação.  E o mesmo deve ser divulgado em breve”. 

Na mesma situação encontra-se o Mirante do Boa Vista: “O termo de referência foi concluído e em breve será enviado ao Departamento de Licitação”, informou a Prefeitura Municipal, que não antecipou a previsão da conclusão dos processos de concessão dos nobres espaços. Atualmente, moradores em situação de rua ocupam a área externa do imóvel, na orla da lagoa Boa Vista, onde fazem comida e se confraternizam.

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Uma fonte, que preferiu não se identificar, revelou que os últimos concorrentes desistiram após avaliarem a situação física dos imóveis da Ilha do Milito e do Mirante. “Eles perceberam que teriam que investir alto em infraestrutura para abrir os locais, o que não valeria a pena”, concluiu.

Exigências para concessão afugentam os interessados

O promotor de eventos Denilson Lanza, que já passou pela Ilha do Milito, conta que as dificuldades são colocadas pelo próprio município, o que inviabilizaria qualquer perspectiva de prosperidade do negócio. “Quando estava com a Ilha do Milito o então prefeito Márcio Reinaldo proibiu a realização de eventos no local. No entanto, trabalhar apenas com produtos alimentícios no restaurante era inviável, visto o mau cheiro da lagoa e a quantidade de insetos. Dessa forma, decidimos entregar a concessão”, contou.

Para Denilson, a burocracia é gigante quando se trata de concessão de bem público. “A nossa cidade é muito linda mas, infelizmente, quem deveria cuidar dela (os políticos), não cuidam. Sete Lagoas poderia ser polo de turismo voltado para o esporte e lazer, basta um pouco de vontade. As exigências são muitas para se ganhar uma concessão mas, além disso, tem o jogo de interesse entre os políticos. Parece que consideram que é melhor deixar fechado do que abrir e a cidade perde muito” afirmou.

O também promotor de eventos, Marcos Mezenga, considera que Sete Lagoas vem perdendo há décadas a oportunidade de fomentar turisticamente os três espaços. “Tive a oportunidade de participar da licitação do Mirante e Ilha. Infelizmente, o modelo proposto pela prefeitura não é sustentável. Querem cobrar aluguel de um negócio que não existe”, contou.

Para o investidor, seria mais inteligente, no início, uma parceria público-privada onde o município cederia o espaço para uma empresa do segmento que, em troca disso, geraria empregos e impostos. “Hoje, para manter os imóveis seguros contra a degradação e vandalismo tem que manter funcionários. Com a parceria, seria tirado esse ônus das costas do município. Assim que o negócio estiver estável e com qualidade, a Prefeitura poderia exigir aluguel ou percentual de participação. Mas hoje só querem transferir o ônus, sem dar a oportunidade ao investidor de fazer com que os espaços realmente aconteçam e estejam aptos para receber sete-lagoanos e turistas”, completou.

PARQUE DA CASCATA
Para Max Tadeu, proprietário da Esportes Livres e frequentador assíduo do complexo da Serra de Santa Helena, Sete Lagoas perde muito com o fechamento do Parque da Cascata. Porém, para ele, é preciso definir critérios para sua reabertura e utilização. “Trata-se de um local para ser sentido. Tem que ter pessoas para receber e orientar os frequentadores. É preciso gestão para que seja possível curtir a natureza sem muita bagunça”, frisou.

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Por trata-se de um espaço reduzido para aglomeração de pessoas – com ou sem pandemia – Max considera que a entrada do parque deva ser controlada. “É preciso mapear as trilhas, criar novas entradas. A cidade perde com o ambiente fechado. Onde seria o restaurante, caso volte a funcionar, é necessário que reabra com estrutura para abrigar uma equipe de apoio para conservação do parque e monitoramento dos turistas”, finalizou.

Hoje, a proteção do parque é reforçada pela Brigada de Incêndio que atua na APA Serra Santa Helena 24 horas por dia. A sede do agrupamento fica bem na entrada e o monitoramento é reforçado por carros, motos e drone.

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