Sete Dias Indica

Cidade Invisível - Lendas do Brasil para o mundo

22/02/21 - 14:42

Imagem: Netflix
Imagem: Netflix

Por Sétima Arte

Wellberty Hollyvier D’Beckher*

A série da Netflix Cidade Invisível transporta para Rio de Janeiro atual personagens do nosso folclore secular. Todos os personagens tiveram sua origem modificada, como a Cuca/Inês ( Alessandra Negrini) que na lenda  é uma velha bruxa em forma de jacaré. Sua origem é portuguesa, baseada na procissão de santa Coca, mas no folclore brasileiro ela sequestra crianças desobedientes. Na série, ela se materializa em borboleta, ou várias borboletas, para conseguir o que quer. Outros personagens que aparecem é o Boto-Rosa/Manaus (Vitor Sparapene) e Tutu (Jimmy London), o menos conhecido. Nas lendas ele é irmão do Bicho-Papão e Boi da Cara Preta, assumindo a forma de um porco do mato. Temos ainda a Iara/Camila (Jessica Córes), o Saci/Isac (Wesley Guimarães), Curupira/Iberê (Fabio Lago) e o Corpo Seco, também conhecido como Unhudo que, quando aprece, não da mesma forma que os outros, e faz uma reviravolta na história.

Tudo começa em uma reserva florestal onde uma grande imobiliária quer construir um resort de luxo. Os moradores do local estão fazendo uma festa, quando Luna (Manu Diegues) se perde na mata quando um incêndio começa. Sua mãe Gabriela (Julia Konrad) entra no local em chamas em busca da filha e acaba morrendo por inalação de fumaça. A menina é resgatada com vida e conta com a ajuda do pai Eric (Marco Pigossi) e da bisavó Januária (Thaia Peres) para lidar com o luto. 

   Logo depois o Boto-Rosa é encontrado morto em uma praia da cidade e, na sequência, outras criaturas do nosso folclore morrem misteriosamente ou sofrem tentativas de assassinato. Enquanto isso, na reserva florestal, os moradores liderados por João (Samuel de Assis) tentam convencer Ciço (José Dumont) a vender as terrar para Afonso (Rubens Caribé) para construir seu resort, quando os peixes da reserva aparecem mortos aparentemente envenenados, o que levanta a suspeita de que o incêndio possa ser proposital.

A série, criada por Carlos Saldanha (diretor brasileiro que fez carreira nos Estados Unidos, reconhecido pela franquia de A Era do Gelo, Rio e O Touro Ferdinando), tem muitos pontos altos, a começar pelo seu elenco que dão veracidade a personagens tão icônicos. Pontos ganhos também por colocar estes seres como gente como a gente. O Saci, por exemplo, anda pela cidade com uma perna mecânica e a Cuca é dona de um bar Underground. Eric tem um elo inesperado com eles, assim como sua filha. 

Por ter apenas sete episódios de meia hora cada, a série tem um ritmo que agrada, não cansa e dá para maratonar em apenas um dia. Ela só perde pontos por não trazer nenhum personagem indígena, dado que a maioria dos seres do nosso folclore são inspirados nesse tipo de lendas. No geral a série é ótima e mostra um Brasil diferente para o mundo. Cidade Invisível pode ser vista na Netflix. Nota 9/10

 *Wellberty Hollyvier é formado em artes cênicas pela UFMG, pela faculdade do Rio em crítica e análise de filmes, além de cinéfilo desde os dez anos de idade.

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