Por Sétima Arte
Sete Dias Indica
Borboletas Negras - Uma minissérie surpreendente
O último episódio, o melhor deles, é uma aula de narrativa, é impossível não se chocar com o plot twist e seus desdobramentos
por Wellberty Hollyvier D’Beckher
Formado em artes cênicas pela UFMG, pela faculdade do Rio de Janeiro em crítica e análise de filmes, além de cinéfilo desde os 10 anos de idade
Um romancista de apenas um sucesso e com bloqueio criativo é convidado para escrever as memorias de um homem misterioso a beira da morte, mas se descobre envolvido no sangrento passado dessa figura, falando assim pode parecer simplista, mas não é, a minissérie tem varias nuances e camadas que vão pretendo o espectador na louca história que é narrada, a gente vai a cada episodio se surpreendendo cada vez mais e começa até mesmo a duvidar da veracidade dos fatos narrados de tão assustadores que eles são, mas a história vai revelando surpresas, plots muito bem tramados, uma historia que apesar de fragmentada tem bases muito solidas.
Tudo começa quando o ancião Albert (Niel Arestrup) chama ate sua casa o escritor Adrien (Nicolas Duvauchele) e propõe uma boa quantia em dinheiro para que ele conte em um livro a sua história, um idílico amor com Solange (Alizée Costes) que se conhecem desde crianças, tudo começa bem, é uma bela historia de amor, quando em uma praia os dois adolescentes comentem dois crimes, para defender a honra de Solange, mas a estranheza está apenas começando, o francês tem seu modo típico de contar histórias, na verdade não há um padrão universal de contar histórias, cada país tem seu ritmo, e o francês é mais lento, eles gostam de fundamentar bem o assunto que irão contar, e isso não é um demérito, apenas demoramos um pouco mais a chegar no cerne da minissérie, e depois o ritmo não acelera tudo, e mostrado de forma calma e orgânica, o que para muitos pode parecer um problema, para mim é uma qualidade, escapamos da urgência das produções de língua inglesa, e do ar novelesco das produções mexicanas e espanholas e das favelas do Brasil.
Ao longo da produção acompanhamos a escalada de violência de Solange e Albert, e a reação de Adrian com isso, algumas coisas não se encaixam, por exemplo, o policial que esta na cola de assassinos na década de setenta Carrel (Sami Bouaila), tem na série quarenta e quatro anos, mas o ator que o interpreta, cinquenta e seis, e o pior, ele aparenta a idade que tem, não tem como passar por uma pessoa mais nova, Adrien tem fama de valentão, de violento, é dito que fez anos de artes marciais, mas seu corpo esquio desmente isso, ele é muito magro, não tem o porte físico de um lutador, tem o que chamamos de, só o chassi do frango, não assusta ninguém, e a falta de carisma do ator, é outro problema, além do talento necessário que lhe falta para o personagem.
Outros personagens aparecem com menos tempo de tela, Adrian é casado com Nora (Alice Belaidi) que está gravida, os dois estão passando por um momento de crise no casamento, ele ate se envolve com outra mulher, que a atriz tem 12 anos a mais que a personagem, será que está faltando atores na França? Ou está difícil montar um bom casting, não sei, só sei que essas diferenças de idade atrapalham no visual da trama, outro ponto a se levantar é a exagerada cenas de sexo, nada gráfico demais, mas vemos um desfile de seios e nádegas dentro da série, pode soar como apelativo e desnecessário, não contribuem narrativamente em nada para a série, e podem afastar um público mais puritano.
A série tem erros é claro, é difícil uma serie não ter, mas estes erros não prejudicam o todo. Que é muito bom, o último episódio, o melhor deles, é uma aula de narrativa, é impossível não se chocar com o plot twist e seus desdobramentos, a serie tem um ótimo final, é fácil de maratonar, com apenas seis episódios de quarenta e cinco minutos em média. Recomendo
A minissérie pode ser vista na Netflix, Nota 8/10
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