Nossa Gente, Nossa História | George é protagonista de geração que viveu e promoveu cultura sete-lagoana

30/09/20 - 10:04

George Machado nasceu em Miracema, no Rio de Janeiro, mas é sete-lagano de coração
George Machado nasceu em Miracema, no Rio de Janeiro, mas é sete-lagano de coração

O cantor, compositor e produtor cultural George Marlon Cipriani Machado é dinâmico. Ele viveu e participou de uma época de ouro em Sete Lagoas, a década de 80, marcada pelo surgimento de grandes talentos da música localmente. Natural de Miracema, no Rio de Janeiro, chegou a Sete Lagoas quando tinha 11 anos. Filho de pai ferroviário e mãe também artista, ele morou em Palma, depois Rio de Janeiro, onde ficou até completar três anos, Belo Horizonte, Santa Luzia e, finalmente, Sete Lagoas. Para ele, o sete-lagoano precisa valorizar mais os artistas da terra, cada vez mais presentes com trabalhos autorais em plataformas como o Youtube e Spotify. Veja a entrevista:

 

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Artista voltou à ativa e se reiventou com a pandemia

 

Quais são suas lembranças da infância e juventude? Eu morava ao lado da Central do Brasil, estudei no Minas Gerais e na Escola Técnica. Na música, comecei um pouco tarde eu acho, a partir dos 18 para 19 anos, quando participei da minha primeira banda de pop rock da época, que se chamava Latitude Zero. A minha referência nessa época era de bandinhas que eu via tocando, ia muito no Circense que tinha algumas bandas que tocavam lá como o Contagem Regressiva, Alarme Falso e outras da época. Via o Luciano Macaco no bar dele, perto do Circense. Aquilo foi motivando a gente a mexer com música. Com o Íris de Seda começamos em 1991, com essa coisa bem de garagem mesmo, de festinha, de farra e depois tomou uma proporção maior. Em 1997 começamos a fazer música, em 1999 disco, e foi até 2007, quando encerramos as atividades. Então essa lembrança é muito bacana, dos bares onde começamos a ver a música nascendo e depois se profissionalizando. Hoje temos cantores de bares sensacionais que são profissionais da área, assim como vários artistas que se formaram nessa época de 90, que foi onde o Íris atuou junto com outras várias bandas. Foi um celeiro de muita gente bacana que surgiu nessa época. Tenho grandes e boas lembranças na infância e juventude em Sete Lagoas.

 

Onde estudou? Quando cheguei em Sete Lagoas fui direto para o Colégio Minas Gerais, que era a escola mais próximo de onde eu morava. Estudei um ano no Regina Pacis, fazendo a oitava série em 1987, mas minhas irmãs já estudavam lá. Depois me formei em Eletrotécnica na Escola Técnica. Foi nessa época que eu já comecei a mexer com música e já não quis mais trilhar esse caminho do estudo, seguindo a carreia musical. Foi onde encontrei o segmento Cultura e isso pra mim foi muito importante.

 

Fale sobre sua família e origens? Meu pai é de Palmas (MG), que é perto da divisa com o Rio de Janeiro, e minha mãe de São João Del Rey. Peguei essa veia artística dos dois. Meu pai era crooner (nome dado principalmente a cantores do jazz), se apresentava com alguns grupos da época dele, se juntavam em bar ou tocavam em bailes. Minha mãe participou de grupos de teatro e cantava também na cidade dela. Depois de casados, lembro-me que eles se apresentavam em casamentos. Esse lado artístico veio de casa mesmo.

 

Qual lugar que mais gosta na cidade? Tem vários lugares que eu gosto. A cidade é muito linda graças a Deus. Sempre curti muito a beleza da cidade. Eu era da Lagoa Boa Vista, que antes de se tornar o Parque Náutico da Boa Vista, já era um local que eu frequentava muito, tinha a pista de cross, o campo de futebol, cheguei a até a nadar nessa lagoa (risos). É um lugar que me traz uma lembrança muito boa. A Lagoa Paulino, com essa orla que representa muito a parte boêmia, a qual frequentamos muito o Chezz Bydu, Gruta do Lago, Lagoa Pizzaria e Iporanga. Foi uma época que vivi com muita alegria e tenho muitas lembranças saborosas. E não podemos esquecer a Serra de Santa Helena né? Pra mim sempre foi um marco na nossa cidade.  É sempre uma emoção quando você chega lá em cima e consegue enxergar toda Sete Lagoas. Já toquei muito violão lá, fizemos fotos na época do segundo disco do Íris de Seda. São lugares que me marcaram muito e marcam até hoje. 

 

O que motivou você a escolher esta profissão?  O que me motivou foi um pouco dessa efervescência do final dos anos 80, quando as bandas de rock nacional estavam muito fortes. Todos queriam montar uma banda e trilhar esse caminho. Eu fui convidado pra fazer um teste, a primeira banda que participei se chamava Latitude Zero. A banda durou um ano, mais ou menos. Junto com o guitarrista do Latitude, Gustavo, que se tornou meu cunhado, montamos o Íris de Seda, convidamos o Roger, o Renatinho e o Lique, que na época fazia a guitarra base. Assim começamos a fazer nossa história. Fomos nos apaixonando por isso, aos poucos foi crescendo e tomando uma forma mais profissional na nossa vida. Quando paramos em 2007, já tínhamos três discos lançados. Parei por um tempo e fui viver outras coisas. Foi muito bom para meu amadurecimento. Só retomei novamente em 2013, quando entrei pra prefeitura como gerente de eventos da Secretaria de Cultura. Fiquei lá de 2013 a 2016. Isso me trouxe uma bagagem grande para trabalhar na área de produção cultural. Depois que sai da prefeitura comecei a trabalhar como produtor  para algumas empresas e criei alguns eventos, como o Feirinha Acústica, além de vários outros trabalhos como o nosso programa na TV Câmara, o Sempre Cultura. Criei minha empresa, a Sempre Cultura, para esse tipo de trabalho como mestre de cerimônias, apresentador de eventos e outros. E também com a música, que aos poucos fui retomando. 

 

Qual sua trajetória profissional? O que posso dizer é que minha trajetória profissional começou oficialmente em 1991 com o Íris de Seda, que foi até 2007. Depois tive uma pequena parada e voltei em 2013 como gerente de eventos, onde comecei a trabalhar a parte de produção cultural. Trabalho ainda com vários eventos que criei em parceria com outras pessoas. Retomei paralelamente em 2013 o trabalho musical com o Tributo ao Tim Maia, assim como shows em barzinho com o Giba Campolina, fazendo um pop acústico dos anos 80. E tem também o The Georges Band, nosso mais novo projeto.

 

O que você acha que Sete Lagoas mais precisa? Sete Lagoas tem uma classe artística incrível. Sempre teve. Sempre foi um celeiro de grandes artistas e hoje continua assim. Faço parte de uma playlist do Spotify com vários outros colegas, tem mais de 30 artistas de várias áreas e todos fazem um trabalho incrível. Sete Lagoas precisa mesmo se interessar em conhecer seus artistas e valorizar essa turma, assim como ouvir e divulgar. Muita gente tem música no Spotify e nas plataformas como Youtube. Todo mundo tá precisando dessa força, dessa vibe, desse apoio. Acho que mais do que nunca, a cidade precisa acolher e abraçar esses artistas, e acredito que vamos caminhar para isso se Deus quiser.

 

Celso Martinelli

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